“Tenho observado que os partidos socialistas de quase todos os países, mesmo onde possuem uma força considerável, como na Inglaterra, na Alemanha e na França, têm servido mais os interesses do capitalismo que os do proletariado. São, nos seus congressos e em ocasiões de eleições, isto é, quando se não vai além do domínio da propaganda, pela luta de classes, mas a sua acção no campo das realidades – e temos de convir que é este o aspecto mais significativo – é de reforço ao regime capitalista. Teoricamente, pela luta de classes; praticamente, pelo prolongamento do sistema que se lhe opõe”.
Alexandre Vieira, um dos mais destacados sindicalistas portugueses, falava assim numa entrevista ao “Diário de Lisboa”, em 1933. Por cá, já o Partido Socialista se tinha inevitavelmente extinguido, afogado na sua incompetência para conduzir qualquer processo social, fiel ao seu papel histórico, como diz Vieira, “o prolongamento do sistema que se lhe opõe”, especialistas, como se sabe, em abandonar o seu papel natural de força reivindicativa, e enveredar pelos caminhos fáceis e sinuosos do oportunismo.
E Alexandre Vieira, tipógrafo e jornalista entre outras profissões, embora tenha sido conotado com os anarquistas, estava equidistante dos anarco-sindicalistas e dos comunistas, e, muito mais longe, como será óbvio, dos socialistas-reformistas. Que nunca passaram daquilo que se sabe. O emblemático sindicalista assumiu-se sempre como adepto, e militante, do sindicalismo-revolucionário, diferente daqueles, mas penso que próximo dos comunistas. Com umas tantas nuances, é certo, que não cabem agora aqui.
Mas por cá, o Partido Socialista renasceu. Nas vésperas, cerca de um ano antes, da queda do regime fascista. Caso para se dizer estarmos perante um oportunismo de alto calibre, digamos que mantiveram a ”coerência”. Uma histórica reprise.
As declarações de Vieira, em 1933, há perto de 100 anos, seriam premonitórias não fosse o desempenho dos socialistas ser já conhecido através da História. Que como um partido de poder, do poder capitalista, controlam uma espécie de central sindical. A História repete-se. Deveria, por isso, servir de lição.
A minha solidariedade, portanto, para com os trabalhadores portugueses, que, estou convencido que inadvertidamente, militam em "sindicatos" controlados pelo partido “socialista” e votam neste partido, muitas vezes sem terem consciência de que estão a votar contra os seus próprios interesses. E, inacreditavelmente, a fazerem o jogo do seu próprio inimigo de classe.
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4 comentários:
Bom post!
Abraço.
A raiva sectária destilada no post é bem elucidativa da hierarquia de inimigo principal definido pelo seu autor. Milton Friedaman apaludiria esta pesporrência pseudo-revolucionária!
Ao anónimo das 18:39
Está alguma mentira no texto, ou viu alguma raiva sectária destilada?
Ou é estúpido ou a verdade enerva-o mesmo, meu lambe-botas de merda.
Muitas das regalias e conquistas conseguidas no pós-25 de Abril e entretanto perdidas pelos trabalhadores portugueses, podem agradecer-se ao posicionamento desse pseudo-sindicato.
Saudações do Marreta.
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