Aquela negra
aquela negra, de enxada em punho,
lutando pela minha fome;
aquela negra que jorra suores na minha sede;
que vai de lenha à cabeça
porque o frio me consome;
aquela negra pobre, sem nada,
que vende os panos para me vestir,
que chora nas ruas o meu nome,
aquela negra é minha mãe.
Jorge Macedo (poeta angolano)
aquela negra, de enxada em punho,
lutando pela minha fome;
aquela negra que jorra suores na minha sede;
que vai de lenha à cabeça
porque o frio me consome;
aquela negra pobre, sem nada,
que vende os panos para me vestir,
que chora nas ruas o meu nome,
aquela negra é minha mãe.
Jorge Macedo (poeta angolano)
“Nocturno, maternidade com gatos”, 70x80, 2004
Fernando Campos
A mãe
de noite
ouvi barulho
na cozinha
levantei-me
fui ver.
a mãe passava a ferro
os calções que eu devia
levar à escola.
sentada, mal podia
com o ferro. longe
um galo já dizia: “o dia aí vai!”
esfrego os olhos, estremunhado
e a Mãe:
- o que é filho? cuidado
não acordes o pai.
Mário Castrim (poeta português)
de noite
ouvi barulho
na cozinha
levantei-me
fui ver.
a mãe passava a ferro
os calções que eu devia
levar à escola.
sentada, mal podia
com o ferro. longe
um galo já dizia: “o dia aí vai!”
esfrego os olhos, estremunhado
e a Mãe:
- o que é filho? cuidado
não acordes o pai.
Mário Castrim (poeta português)
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