segunda-feira, 8 de junho de 2009

1976

Augusto Alberto (texto e foto)*


Já que estamos em maré de lembranças e efemérides, aqui estou de novo a escrever contra a corrente.
Desta vez, quero lembrar a morte de 73 desportistas cubanos, que no longínquo ano de 1976, mais exactamente no dia 11 de Maio, se dirigiam de Caracas a Havana, em avião da companhia de aviação cubana. Uma bomba colocada no interior do avião, fez, em pleno voou, implodir a aeronave, acabando de ceifar a vida a esses jovens desportistas que tinham participado, com inteiro sucesso, nos Jogos latino americanos. Tratava-se fundamentalmente das equipas de halterofilia, judo, boxe e luta olímpica. Foi uma enorme tragédia, que não tem, evidentemente, em dia de efeméride, o tratamento mediático de outras tragédias, como a de Lokerby, ou da praça Tiananmen, por exemplo, porque mais uma vez, os latino americanos ou são brancos vagamente a atirar para o castanho, senão, na totalidade pretos.

Mas o ponto da questão, é que o autor moral deste feroz atentado, tem um rosto confesso, contudo, e apesar, está guardado a sete chaves, impedindo desse modo a possibilidade de justiça. E o rosto é de um terrorista que dá pelo nome de Luís Posadas Carriles. Um venezuelano, que se tem mantido ao longo da sua vida ligado às máfias de Miami, e em estreita colaboração com a CIA. Um terrorista nato, autor de muitas obras de arte, assassinas, e sempre bem coberto pelo estado norte-americano e sua justiça.
No dia 11 de Maio deste ano, passaram 33 anos sobre tamanha barbarie, mas, num mundo de imprensa curva, a data necessariamente passa sem referência. Era o que faltava. E o que falta também, é que a justiça e o estado norte-americano, coloquem tal figura no centro da justiça venezuelana, para que pague o que tiver a pagar. Apesar de muitos esforços e várias reclamações, o vizinho do norte que o utilizou, haverá, depois de o comer, de seguida chupar os ossos, porque de outro modo, muito se poderá saber, e isso nunca será coisa boa, evidentemente.
Bem faz a revolução Cubana, em sua própria defesa, sempre a propósito, de volta e meia, em dar uns sopapos, porque sendo eu um sujeito atento, nunca vi ou soube que qualquer democrata ou vago intelectual, do lado de lá ou do lado de cá da ilha, tenha exigido justiça a propósito destes e outros feitos.
Aos democratas que por ai passam a vida a zurrar, convido-os a clamar por mais equilíbrio na democracia, para depois nos podermos entender. Se assim não for, então bardamerda e passem muito bem.

* foto: Havana, praça em homenagem às vítimas, com 73 bandeiras, uma por cada vítima.

Sem comentários: