quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Como o cubo de Rubik

Augusto Alberto


Estava uma manhã como gosto na Figueira. O céu de um cinzento de poalha que se ia afogando na curva do mar. A temperatura estava de ocre, quente, e por isso, o convite estava feito à manhã desportiva. Convertido, quase, às longas caminhadas pelo vasto areal, que com as obras de prolongamento do molhe, caminhou adiante, entre a Figueira e Buarcos, bem mais de 50 metros, cruzei-me com gente, que me acusava há 40 anos de maluco, porque a corrida foi sempre a minha grande paixão, e hoje, estão eles convertidos à paixão da marcha.
O mar estava de lavadia e as gaivotas, por isso, estavam plantadas na praia, famintas, num bando de centenas. Passei por um amigo e disse-lhe: - as gaivotas estão ali à espera do bom tempo. Ele, como é costume e óbvio, disse-me exactamente o contrário: - estão recolhidas do mau tempo. Olhe que não, aquilo é uma farsa, estão à espera do bom tempo para se fazerem ao mar e à pesca, devolvi.
Mas antes da caminhada, tinha acabado de ler o jornal regional de referência e topo com a notícia e a fotografia do jantar de desagravo ao que foi eleito para Presidente da Assembleia Municipal, mas que acabou por não ser. Estiveram mais de 50 figuras, disse o jornal, porque eu não sei, como é óbvio. Só não disse quantos socialistas de gema estiveram, mas isso, em rigor, se calhar era difícil. É certo que na fotografia o que deveria ser Presidente da Assembleia Municipal mas não foi, tinha ao seu lado o Presidente da Câmara socialista, que também não consta que seja socialista bacteriologicamente puro. Sendo assim, será preciso recompor o cubo, como o de Rubik. Mas isso demora tempo.
Os 50 desagravos estiveram, a meu ver, recolhidos do mau tempo político, e construíram uma farsa, embora, talvez estivessem sentados à espera do fim da borrasca politica, como as gaivotas na praia, mas para isso, vão ter que esperar que o camarada Paredes e o Dr. Lidio Lopes, ao que se diz, mandem arrear o tempo e isso é coisa que a gente não sabe por quanto tempo.
Ora aqui está como a politica na terra gosta da farsa como as gaivotas. Quem diria que o raciocínio e os actos, dialécticos, por cá, se alinham pela natureza?

Sem comentários: