sábado, 21 de agosto de 2010

O campo da morte lenta (1)


Está montada uma operação gigantesca para limpar a imagem do fascismo. Uma autêntica lavagem da História. Depois das recentes “investigações” de uma pretensa historiadora sobre o regime fascista e a PIDE aparece-nos um trabalho de um cabo-verdiano, que o jornal português ”Expresso” alcunha de prestigiado jornalista e investigador, em que se afirma que o campo de concentração de Tarrafal não era uma prisão, mas sim um paraíso.
Ex-presos políticos angolanos que cumpriram penas naquele que ficou conhecido por “campo da morte lenta” mostraram-se indignados e chocados, em conferência de imprensa.
O campo de concentração foi aberto em 1936 para comunistas e anarquistas, e foi encerrado em 1954 por pressões internacionais. Nesta primeira fase morreram 34 pessoas, entre as quais Bento Gonçalves, secretário-geral do Partido Comunista Português e Mário Castelhano, líder da central anarco-sindicalista CGT.
Reaberto em 1962 para receber presos políticos das ex-colónias só foi novamente encerrado com o 25 de Abril de 1974. Não faço ideia quantos africanos morreram nesta segunda fase, mas entre aqueles que lá cumpriram pesadas penas contam-se os escritores angolanos Luandino Vieira e Uanhenga Xitu (Agostinho Mendes de Carvalho), irmão do mítico comandante Hoji-Ia-Henda, e os poetas António Cardoso e António Jacinto.
Segundo os “lavadores” o estado fascista nunca permitiu que a Cruz Vermelha visitasse outros campos, como o de S. Nicolau, no sul de Angola. Mas claro, a autorização para a visita ao Tarrafal foi estratégica, como não podia deixar de ser, e os visitantes viram aquilo que os fascistas queriam que eles vissem.

2 comentários:

Fernando Samuel disse...

Claro: «o fascismo njunca existiu»...

Um abraço.

Olímpio disse...

F.da P.como é possivel,não devemos deixar passar qualquer crime contra a pessoa humana e o Tarrafal é do meu tempo contestatário ao Salazarismo.