No Minho, em 1975, em particular em Braga e Vieira do Minho, tocaram os sinos a rebate e alguns caceteiros e padres gritaram a plenos pulmões: “mata, mata os comunistas”. Foi um regalo de ver. Os comunistas foram varridos pelo fogo e se bem me recordo, alguém morreu. Foi o chamado verão quente, no auge do revanchismo, a gosto e a preceito de muitos caciques, trementes, mas que rapidamente voltaram a por as mãos nas rédeas. E certos democratas sábios, ao longo dos anos, sempre bem sossegados e respaldados, alguns em cartazes a apelar ao respeito, aos valores da liberdade e ao voto, colaboraram e resfolgaram com tamanha algazarra e destruição. É bem certo que o tempo pode tardar, mas um dia a verdade chega. E na verdade, chegado de um longo período de ausência da pátria bem amada, dou logo comigo a saber que as gentes de Vieira do Minho saíram à rua na defesa do seu serviço de atendimento permanente, coisa que por ali cresceu ao arrepio do caciquismo, e que agora, por ordem superior, vai ficar fechado das 24.00 horas às 8.00 horas e vai obrigar um fulano, em caso de aperto e aflição, a correr mais de 100 km para chegar a Braga e regressar. Da bondade da decisão, mais uma, dirão que tem como elemento decisivo a estatística e a racionalização dos meios, termos assim para o técnico, mas que na verdade, quer dizer mais ou menos isto: - o interior que se “foda”. Que se aguente!
Desta feita, não sei se os mesmos sinos, que mobilizaram a turbamulta à caça aos comunistas em 1975, tocaram para chamar os minhotos de Vieira do Minho à luta e à “arruaça” contra o poder que os está a surripiar. O que se sabe é que o anterior Presidente da Câmara, um padre, coloca-se ao lado do povo, porque parece perceber que em tempo de míngua é prioritário, sobretudo, tratar das chagas. Mas esqueceu-se de acrescentar o seguinte: - estão a ver no que deu a histeria anticomunista de há uns anos atrás? E porquê? Porque o caciquismo não dorme, e, avesso a mudanças, mandou agora fechar o serviço de atendimento permanente, durante o período da noite, contra os interesses da população, e porque são os mesmos que em 1975, acirraram à pedrada e traulitada contra os comunistas. E seria ainda boa altura para perguntar ao ainda padre e ex-presidente da câmara, afinal quem são os vendilhões, os aldrabões e os ladrões, que querem roubar ao seu rebanho os cuidados de saúde a que tem direito, durante o período da noite? Quer isto dizer, que vai sendo tempo das pessoas começarem a perceber, afinal, quem as tem andado a enganar, incluindo um tunante, bem respaldado e de boa foto em cartaz gigante, a apelar ao voto, que pelo Minho também andou a chamar essa gente infeliz, para a pedrada e traulitada, em defesa do senhor, do padre e do porco e à volta de um vago sentimento de posse.
É preciso dizer que gente que se sente é filho de boa gente. E por isso não esquece. Chegará o dia do ajuste, sem dúvida, porque a história não é para ser esquecida.
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