domingo, 5 de junho de 2011

mãoporbaixoapertaatarraxamãoporbaixo

Augusto Alberto

Aos sulcos estreitos deixados na lama…tinham-se sucedido boas estradas. Na Ford a produção não cessava de melhorar: menos desperdício, mais vigilantes, supervisores auxiliares, delatores (quinze minutos para almoçar, três minutos para ir à casa de banho, por toda a parte o toca a mexer…, mão por baixo, aperta anilha, atarraxar parafuso, encaixar cavilha, mão por baixo, apertaanilha, atarraxaparafuso, mãoporbaixoapertaatarraxamãoporbaixo, aperta até aos últimos gramas da vida sugados pela produção…Aqui está, no que reflecti, ao contrário de outros, talvez já cansados, no miserável dia da reflexão, antes do povo votar em massa nos Partido Socialista, Partido Social-Democrata, Partido Popular. Para melhor esclarecimento, John dos Passos acabou por me obrigar a reflectir sobre aquilo em que se está a tornar as nossas vidas. Um colossal retrocesso civilizacional. Um recuo aos primeiros anos da industrialização do século XX, porque o grande capital no seu gigantesco esforço para dobrar este tenebroso cabo, e manter a dianteira, vai obrigar-nos a apertaanilha, atarraxaparafuso, mãoporbaixoapertaatarraxamãoporbaixo. Melhor dizendo, baixar salários, aumentar e inventar novos impostos, alteração à constituição para mais fácil despedir, (vai avançar o conceito de despedimento por justa causa/despedimento individual) e CIA, com o beneplácito legislativo do PartidoSocialistaPartidoSocialdemocrataPartidoPopular. Em definitivo, vai ser para isto que servirá este colossal embuste, de hoje, dia 5/06/2011, cem anos após este notável naco de prosa de John dos Passos. Durante muitos dias foi isto que nos foi escondido po, Passos Coelho, Sócrates, Portas. passoscoelhosocrátesportasdurãobarrosoantónioguterresjorgesampaiomanuelalegremárioSoaresramalhoeanesotelosaraivadecarvalholurdespintassilgomaisaCIA, são e foram a guarda avançada do grande capital financeiro e agiota nesta pátria de quase 8 séculos.
No embuste de hoje, nem sequer as moscas vão mudar. As moscas vão ser as mesmas, porque o povo é também o mesmo e não faz intenção de mudar.
Numa boa merda é o que isto se está a tornar.
O 25 de Abril já foi chão que deu uvas, porque entretanto há povo que se entretem a abater a vinha.
Passem bem.

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