sábado, 12 de novembro de 2011

O ponto haverá sempre de ter um nó

Augusto Alberto

O que existe de comum entre Otelo Saraiva de Carvalho e o Dr. Marques Mendes? Ambos são perigosos.
Otelo não é só o diletante social, ou o homem de pequenez de análise e pensamento. Antes pelo contrário, é o homem a quem se recorre, de modo cirúrgico, em momentos em que a curva muito aperta. Otelo não debita tontarias. É bom que se saiba que é bem mais do que isso.
Marques Mendes é perigoso porque é intelectualmente desonesto no afã de servir o regime muito caduco. A última arenga a propósito da rábula dos transportes públicos é um exercício da mais cretina desonestidade. Não basta exibir mapas e debitar umas quantas ideias, e pronto, estamos falados. Marques Mendes sabe bem do que fala. É um fariseu que tripudia sobre a verdade dos factos, porque é importante que o regime não esqueça os seus príncipes.
E os factos são claros: a taxa de realização, através das tarifas, nos transportes públicos, em média na Europa, situa-se na ordem dos 30%. Em Portugal, essa taxa situa-se cerca dos 40%. Mais do que às rábulas em referência às mordomias dos trabalhadores ou dos administradores dessas empresas, é preciso que se diga que por falta das transferências do orçamento geral do estado, em obrigação pelo serviço público, empurrou as empresas para o crédito para realizar investimentos. Naturalmente, a amortização e as dificuldades em voltar aos empréstimos, são hoje um ónus violentíssimo. Isto prova que um cidadão português, hoje, com menos recursos, paga mais pelo transporte público do que a média do cidadão, com mais recursos, no resto da Europa. Isto omitiu o dr. Marques Mendes. Não por esquecimento, evidentemente. Ambos os senhores tentaram uma enorme provocação em véspera da manifestação dos militares e da greve geral.
O tempo provará que o ponto haverá sempre de ter um nó.

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