foto: alex campos
A greve que esta semana decorre nos portos portugueses pode não ser mais do que o fim de uma luta iniciada tardiamente.
Quando, há perto de 20 anos, começou a liberalização, mais ou menos selvagem, dos portos não se assistiu, ou pelo menos não assisti, a qualquer movimento, fosse ele de opinião ou de resistência por parte dos trabalhadores portuários.
Os sindicatos, imbuídos de uma cultura (adquirida nem sei onde, uma vez que até têm origens anarco-sindicalistas), digamos, economicista, remeteram-se ao silêncio. Não reagiram, e não creio que fosse por distracção.
A situação foi-se, então, sustentando, muito porque os "governantes" nacionais nunca tiveram qualquer ideia para uma politica para o sector, o que aliás não admira, pois para o país também nunca a tiveram. E, por incompetência, só pode mesmo, deixaram "ir correndo os marfins".
Mas agora a coisa fia mais fino, com a liberalização dos portos decidida unilateral e internacionalmente. É o capitalismo internacional, a troika, o adversário.
Por isso os sindicalistas com quem tenho falado se queixam de que o governo, (esqueci-me das aspas), ou o ministro, ou o diabo por eles, não os querem receber. Ou seja, não lhes passam cartão. Pudera. Não têm nada com o assunto, seja para negociar ou discutir. A "coisa" está decidida, e pronto.
Os milhões de prejuízo, a ser verdade, estarão, ninguém duvidará, muito bem calculados... e serão compensados com a vitória nesta guerra. Será o preço da parada.Tudo tem um preço.
"É a luta de classes, estúpido, no seu esplendor", disse-me um amigo, há tempos.
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