domingo, 1 de janeiro de 2012

Nas brumas da memória

Augusto Alberto

O tempo tudo cura. A propósito das exéquias do “querido líder”, particularmente demonizado, e gozadas, com propósito, e das patranhas de “outros” queridos lideres, que raramente são publicitadas, recomendo vivamente que se goze com o que aqui descrevo, repassado do Diário de Noticias, de Novembro de 1976.
"Partidos democráticos homenagearam Mão Tsé Tung.
Cerca de 800 pessoas participaram na noite do dia 1, na sessão de homenagem à memória de Mão Tsé Tung, promovida pela Associação de Amizade Portugal-China…um ponto comum pareceu unir partidos de tão nítidas diferenças ideológicas, AOC, CDS, PCP (m-l), PPD e PS…presentes algumas figuras dos meios políticos e militares. Mário Soares fez-se representar especialmente. Maria Barroso estava igualmente presente, assim como deputados dos três Partidos democráticos com assento na Assembleia da República…Pedro Vasconcelos, dirigente do CDS, que integrou a delegação que visitou recentemente a China, sendo um adepto do personalismo…Pedro Roseta, director do órgão de informação oficial do PPD, afirmou-se particularmente tocado pelo realismo da politica internacional da China…Álvaro Guerra, jornalista e membro do PS, não conseguiu esconder, na sua muito breve intervenção, o entusiasmo e a admiração que lhe foi dado ver na sua visita à China. Carlos Guinote, membro do secretariado do PCP (m-l) …Jorge Abreu, dirigente da AOC…a seguir teve lugar a declamação de um poema de Mão Tsé Tung… (...).

E ainda…um texto escrito por Mário Soares, então primeiro-ministro, por ocasião da morte de Mao Tsé Tung.

«Em nome do governo português e em meu nome pessoal, peço-lhe que aceite, Senhor Primeiro-Ministro, a expressão das nossas mais profundas condolências pelo desaparecimento do presidente Mao Tsé Tung. O presidente Mao Tsé Tung foi uma personalidade que deixou uma marca na história do nosso século. O presidente Mao Tsé Tung, dirigente do povo chinês na sua longa marcha para a libertação, fundador de uma nova sociedade no centro da Ásia e representante intransigente da luta anti-imperialista, merece o respeito mundial. O seu desaparecimento é uma grande perda para o povo chinês. Mas estamos convencidos de que o seu exemplo manterá a República Popular da China na via de uma sociedade justa e consciente, o que é o objectivo firmemente fixado para o povo chinês.»

In Pekin Information, Nº45, 8 de Novembro de 1976.

E eu, aproveito neste inicio de ano bom, para dizer, em forma de prosa, a todos os “queridos lideres” que nos tem andado a gozar e a chupar, para se irem lambuzar com a quinta pata do cavalo de Mao Tsé Tung, que jaz enterrado na neve das estepes da Ásia e por isso, ainda está em bom estado.

1 comentário:

Anónimo disse...

E um dos slogans da AOC? Quem se lembra?
"Cada voto na AOC é uma espinha cravada na garganta do Cunhal".
Aí está, nas suas grandes causas juntam-se todos, nunca falham.