sábado, 28 de janeiro de 2012

“A Selva”

Augusto Alberto

Há momentos em que é pertinente voltar atrás. E eu decidi reler o enorme romance “A Selva”, de Ferreira de Castro. Uma sequela pessoal e sobre os homens seringueiros, os que recolhem o látex, a matéria-prima que depois de tratada, dá a borracha. 
História do sertão seringueiro brasileiro, no inicio do século XX, que trata de escravos, brancos e negros, e da medonha engrenagem suportada nos mais cruéis tratos. Se me ocorreu chamar a esta leitura os que lêem este simples texto, é porque julgo ser importante perceber como, agora, em pleno século XXI, num tempo em que muitos julgam estar a viver no sistema em que o homem é a figura central e soberana, afinal, este é o mundo, também, penoso e selvagem, ainda que não vejamos ou toquemos em árvores, mas sabemos de inúmeros selvas. Como a famosíssima wall street de Nova Yorque, a city financeira em Londres, a bolsa de Tóquio, a praça financeira, fortíssima, da Suíça e ultimamente, os paraísos fiscais colocados em frente a fabulosas praias, como as Ilhas Caimão, onde estão homens sem rosto, maquinalmente agarrados a computadores, quadros e demais gráficos, que comandam ao sabor de uma tecla, o mundo e as nossas vidas.
O que eu quero dizer, é que ali estão os novos abegões e maiorais, desde o amanhecer até ao anoitecer, a traficar a grande riqueza criada pelo homem, o grande criador dos séculos, mas, por artes de biltres, ainda assim, e tal como no sertão seringueiro, não vai além de endividado. Ou seja, quanto mais os povos pagam a essas entidades financeiras obscuras, enredados em ideias tão colossais, como o resgate da divida soberana, outras medonhices e matreirices, mais são devedores, numa espiral sem vista, que os mantém escravos até ao fim.
É certo que andam por ai muitos camafeus, bem pagos, a defender a ideia de que esta democracia não sendo perfeita, é ainda assim, o melhor que se arranja. Então como explicam que um milhão de portugueses tenha caído no desemprego e de que a emigração tenha ganhos de novo, foros de fado? Que milhões de portugueses, ( somos só 10 milhões), estejam completamente empobrecidos, só respirando á custa de variados apoios sociais? Chega de truques, porque este capitalismo financeiro e selvagem, não é ainda o fim da História.

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