quarta-feira, 18 de abril de 2012

Vade retro, sacripantas

Augusto Alberto

O dr. Mário Soares discorreu desta feita sobre o retorno do fascismo. Não deixa de ser curioso que os que nunca se coibiram de lembrar que o fascismo se pôs em hibernação, e por isso foram vitimas de azedumes, desconsiderações e até chalaça, vejam agora reconhecidos os seus receios, e logo da parte do insuspeito “pai” da “democracia”.
Contudo, acontece que o Dr. Soares, sempre lisonjeiro, não consegue explicar a natureza do facto. Sofrerá o pensamento do Dr. Soares de entorse, erosão, ou pior ainda, má consciência?

Soares é o pai da democracia que conhecemos. Empenhou-se até ao tutano na sua construção e, nesse afã, não prescindiu do apoio de conhecidos caceteiros e homens fascistas, que o 25 de Abril não conseguiu anular. Entrou em viagens mais ou menos conhecidas pelo Portugal profundo e reaccionário e pediu apoio a conhecidos revanchistas europeus, que nunca esqueceram humilhantes derrotas. Dinheiro e demais meios para financiar esta “democracia” nunca lhe faltou. Evidentemente que quem colhe semelhantes ventos, semeia desgraçadas tempestades. E elas ai estão. Aliás, a moscambilha é de tal modo tenebrosa, que até um sector reservado e insuspeito como a igreja, se achou no dever de vir a terreiro denunciar umas das matrizes do fascismo: o ensino superior é só para os meninos de família endinheirada da Nação.
Chegados aqui, convêm reafirmar que é uma pena que o “pai” da “coisa”, cujo pensamento não vai além do chinelo, se mostre incapaz de nos explicar porque nos atolamos. Talvez um dia sejamos forçados a levantar Reagan e Thatcher, de quem foi companheiro de estrada, para nos explicarem como se armou a ratoeira.
De todo o modo, olhai em volta e logo vereis que os obscuros descendentes continuam por ai a papaguear as mesmíssimas virtudes. Vade retro, (josés, zorrinhos e proenças), demais sacripantas e belzebus, que cuidam que com pão e circo se mantêm a quietude.

Sem comentários: