Augusto Alberto
Ai estão os puristas.
Os que dizem que as manifestações espontâneas são a essência da democracia,
abominando os movimentos organizados. Os puristas que não têm, também, pejo em
usar de meios fraudulentos e até mesmo atomizar a sua democracia, sempre que a
curva aperta um pouco mais. Leiamos alguns exemplos.
Os irmãos Kennedy, Bob, o procurador da União e John, o
Presidente democrata, ambos cristãos e tementes, não se coibiram de utilizar o
padrinho mafioso de Chicago, Sam Giancana, que os apoiou na eleição a
Presidente dos Estados Unidos, os três unidos por uma vagina comum, a de Marilyn
Monroe, para que se fosse à Baia dos Porcos e se acabasse com Fidel de Castro.
Isto foi há muitos anos, e como sabido, sem resultado. E
ainda. A fazer fé no Conselheiro de Estado, e simultaneamente Presidente da
Região Autónoma da Madeira, João Jardim, e no Director Geral da Biblioteca
Nacional, Pedro Dias, e também fundador, com Sá Carneiro, do PPD, partido da
qual já se desvinculou, por escrúpulos democráticos, evidentemente, o país é
dirigido por gente “democrata”, que se recolhe numa organização que habita
caves e luzes pálidas, que dá pelo nome de maçonaria. O que denunciam, talvez
por estarem, agora, em contra pé, é que a democracia não necessita de militar
em sítios esconsos e pálidos, no sentido de gizar a governação.
De qualquer modo, se estas torpezas democráticas não
resultam, ainda se pode usar outras soluções: ou sucumbir, como fez a elite de 1580, que
cedeu a soberania da pátria ao jugo filipino, que na primeira fase lhes deu
vantagens sociais e económicas. E só reagindo em desespero de causa, quando a
ocupação atrelou a Lusitânia aos seus devaneios militares e colocou a elite na
maior das indigências. Ou fugir, como fez a elite em 1808, na iminência da pátria
ser ocupada, deixando o povo ser duramente castigado e vilipendiado, às mãos
das hordas napoleónicas.
Hoje estamos perante o decalque de nova ocupação e perda de
soberania, a favor de sinistros mercados e banqueiros, que têm nos badamecos
locais gente que se comporta como o grande Junot de Napoleão.
Os agiotas lambuzam-se, sabemo-lo bem. Contudo, precisam
constantemente de lançar os seus spin doctors, que sistematicamente nos dizem
que para sermos indigentes amanhã, temo-lo de ser, por hora, pobres também. Mas
se entretanto as pessoas reagem, logo entram no frémito de fazer baixar a
guarda. E se a guarda não baixar, podeis ter a certeza que novas milongas e histórias
anticomunistas se esparramarão pelas tv’s e pelos manhosos jornais.
Como seria bom, que elite e todos os governados estivessem
comuns nesta nossa nova desonra, como em comum estiveram, os Kennedys, o
gangster Giancana e a vagina de Monroe.
Mas tenham paciência,
percebam que ainda há gente que gosta de escolher o par com que se deita.
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