Augusto Alberto
O deputado da maioria, Duarte Pacheco, heróico membro da
elite lusitana, confessou, a contra gosto, evidentemente, que Portugal perdeu a
sua soberania. Não sei o que manda a Constituição sobre traição à Pátria, mas
decerto alguma coisa manda que se faça. Que se cace, então, o deputado, e se o
mande à justiça por traição devaneia. E de seguida, que se não perca tempo e se
junte no role todos os outros que também fizeram esse caminho.
Para justificar
o tempo atávico, remeto o leitor para o início do século XVIII, no sentido de
se inteirar sobre o que diz o tratado de Methuen e perceber como a elite se
comporta.
Na sequência da pobreza cavada pela cedência aos Filipes,
diz genericamente o tratado que a Inglaterra, que por ironia já controlava
produção e transporte, compraria preferencialmente vinhos a Portugal, e
mandava-nos panos confeccionados. Contudo, o valor da importação de panos
sempre foi superior ao valor da remessa dos vinhos. Essa prática cavou um
deficit que foi suprido com o envio de ouro e pedras preciosas para Inglaterra,
extraídas no Brasil. Em consequência, enterrou-se a industrialização
incipiente, confirmou-se a vassalagem aos interesses britânicos e passamos a
ser meros intermediários do ouro de Minas Gerais.
Perante a desgraça, a aristocracia mostrou a sua real
apatia, que é a continuada marca de água da miserável elite. Desgraçadamente,
ao cabo de mais trezentos anos, a actual elite, capitaneada pelo PS, desenhou
nova capitulação, quando em 1986, sem consultar o Povo, solicitou a adesão à
União Europeia.
E logo, do mesmo passo, não permitiu, também, que fosse ouvido
sobre a adesão ao euro, nem sobre a aprovação da Constituição Europeia. Bem
sei, mesmo que fosse consultado, o Povo diria que sim, porque a máquina de
serviço, o empurraria, tolhido e convencido, para promessas de desenvolvimento
e abundância, (carros uma gama acima e mais baratinhos, moradias em condomínio
fechado, com piscina e jardim à frente, visitas às melhores capitais da Europa
e múltiplos gadgets), mas na realidade, saiu afinal, pobreza e servidão. Na
voragem dessas opções, repetidamente, sectores inteiros da economia e indústria
nacional foram destruídos. A auto-suficiência alimentar foi eliminada. Portugal
hoje importa 80% dos cereais que consome. Instituições científicas nacionais
foram desmanteladas e o aparelho de Estado foi severamente abalado.
Para que a canga não fique mais cem anos, é preciso dizer
que já basta de Pachecos.
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