quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Já basta de Pachecos!


Augusto Alberto


O deputado da maioria, Duarte Pacheco, heróico membro da elite lusitana, confessou, a contra gosto, evidentemente, que Portugal perdeu a sua soberania. Não sei o que manda a Constituição sobre traição à Pátria, mas decerto alguma coisa manda que se faça. Que se cace, então, o deputado, e se o mande à justiça por traição devaneia. E de seguida, que se não perca tempo e se junte no role todos os outros que também fizeram esse caminho. 

Para justificar o tempo atávico, remeto o leitor para o início do século XVIII, no sentido de se inteirar sobre o que diz o tratado de Methuen e perceber como a elite se comporta.
Na sequência da pobreza cavada pela cedência aos Filipes, diz genericamente o tratado que a Inglaterra, que por ironia já controlava produção e transporte, compraria preferencialmente vinhos a Portugal, e mandava-nos panos confeccionados. Contudo, o valor da importação de panos sempre foi superior ao valor da remessa dos vinhos. Essa prática cavou um deficit que foi suprido com o envio de ouro e pedras preciosas para Inglaterra, extraídas no Brasil. Em consequência, enterrou-se a industrialização incipiente, confirmou-se a vassalagem aos interesses britânicos e passamos a ser meros intermediários do ouro de Minas Gerais.
Perante a desgraça, a aristocracia mostrou a sua real apatia, que é a continuada marca de água da miserável elite. Desgraçadamente, ao cabo de mais trezentos anos, a actual elite, capitaneada pelo PS, desenhou nova capitulação, quando em 1986, sem consultar o Povo, solicitou a adesão à União Europeia.

E logo, do mesmo passo, não permitiu, também, que fosse ouvido sobre a adesão ao euro, nem sobre a aprovação da Constituição Europeia. Bem sei, mesmo que fosse consultado, o Povo diria que sim, porque a máquina de serviço, o empurraria, tolhido e convencido, para promessas de desenvolvimento e abundância, (carros uma gama acima e mais baratinhos, moradias em condomínio fechado, com piscina e jardim à frente, visitas às melhores capitais da Europa e múltiplos gadgets), mas na realidade, saiu afinal, pobreza e servidão. Na voragem dessas opções, repetidamente, sectores inteiros da economia e indústria nacional foram destruídos. A auto-suficiência alimentar foi eliminada. Portugal hoje importa 80% dos cereais que consome. Instituições científicas nacionais foram desmanteladas e o aparelho de Estado foi severamente abalado.
Para que a canga não fique mais cem anos, é preciso dizer que já basta de Pachecos. 

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