terça-feira, 16 de outubro de 2012

O "achismo" e o pipo em Elvas


Augusto Alberto


Só por sofisma e escrúpulos ideológicos não se tem dado a atenção merecida ao que dizem os comunistas. Desde logo, ao que dizem desde Novembro de 1975. Recomendo a consulta dos documentos das duas conferências económicas, sobretudo a primeira, organizada logo em 1977. Lá estão bem explicadas as razões que nos trouxeram ao descalabro.

Aliás, a elite surda e a fazerem-nos de parvos, houve um tempo em que quis decretar o fim da luta de classes e inclusive, fazer passar a ideia, ainda mais simples, de que não há esquerda nem direita. O que há, são uns rapazes que fazem assim e outros assado. Com estas aleivosias aqui chegamos e agora aportamos ao achismo, que é uma espécie de idiotismo elevado à categoria de expiação política.

Assim, Madame Lagarde acha que demasiada austeridade faz mal aos países em resgate. E António José Seguro, acha que precisamos de mais um ano para podermos por as contas em dia. O Presidente Cavaco também acha, vejam bem, que é preciso melhor equidade na austeridade, ainda que milhões de portugueses não tenham sido chamados a gastos excessivos. E por fim, o antigo Presidente Jorge Sampaio, nulidade em forma de renda de bilros, também acha que os três partidos do arco da governança, devem juntar esforços e vontades para renegociar as condições do empréstimo com a troika. É, sem dúvida, a idiotice elevada ainda à categoria de esperteza, que tem como única finalidade evitar a mudança.

Infelizmente, como nenhum destes virtuosos deu ouvidos a quem, a seu tempo, falou verdade, então, voltemos ao achismo. Porque eu também quero verdadeiramente achar alguma coisa. Que a estes artistas e outros que conhecemos de ginjeira, seja aplicado o suplício de Elvas. Recomendo, então, que se ponha em seu lugar o depósito de água do presídio militar, para que esta gente, por horas diárias, quer faça sol, chuva, frio ou vento, acarte, abaixo acima, pipos de água que, deitada na grande cisterna, se escapa sem fim. Seria um bom modo de sentirem na carne o cansaço físico e moral, que trouxeram a milhões de portugueses. Muitos, exauridos, acabam a expia-la no passo adiante, na loucura ou na demanda definitiva. O suicídio.

É que em boa verdade, se já não é fácil resistir à direita pura, mais duro se torna quando a essa direita, em linha com a elite atávica que cedeu à ocupação filipina e ao tratado de Methween, que nos custou anos de atraso, se soma toda a sorte de traidores, quer seja de rosto humano, ou simplesmente, social-democratas.

Sem comentários: