Augusto Alberto
Antes de 1974 havia muita fome. E prisões, como o Tarrafal,
onde morreram Bento Gonçalves e Mário Castelhano e esteve, entre outros,
Luandino Vieira, o Aljube, a António Maria Cardoso e Peniche. E houve e já não
há, a guerra colonial, que matou portugueses e africanos. E a dona Supico Pinto,
e o Movimento Nacional Feminino, que em Moçambique, no Natal de 1973, teve a
caridade de me fazer dono da colecção livros RTP.
O 25 de Abril, que perdoou a PIDES e deu saída a outros
filhos da mãe. O M.F.A, Os S.U.V., o 1º
ministro demónio, Vasco Gonçalves. A 5ª divisão, que tinha por missão
catequizar para o socialismo os aldeões de Portugal. A reforma agrária. As
nacionalizações. Que jeito deram para compor contas públicas. E em tempo de
louca bernarda, 1975, um decréscimo na riqueza produzida. Tudo, coisas más! E
passados quase 40 anos, está consolidada a democracia com a chegada de boas
coisas. Regressaram bufos, patifes e PIDES, que tiveram a oportunidade de se saracotearem
e democratizarem. Há o Partido Comunista, a valer 8% dos votos validados e 16
deputados. Olaré! O edifício jurídico. A Europa, o euro e automóveis que afinal
são mais caros, ao contrário do que acreditou amigo meu. As forças armadas,
quase descamisadas. O Governo, PPD/CDS. Uma maioria, PPD/CDS. E um Presidente.
E a alternância, para os momentos em que as coisas estão à beira de descambar e
é preciso ter à mão o outro …o Partido Socialista. E um fenómeno que não é epi,
mas bem estruturado, os banqueiros.
Uma emigração massiva como a dos anos 60 do século XX, sem
mala de cartão, mas qualificadíssima. Uma taxa de desemprego como muito
provavelmente só houve na monarquia e na 1ª República. Uma redução brutal da
riqueza produzida, a 2ª mais alta redução após o ano da bernarda de 1975. E em
alguns parâmetros, ao nível de idos anos do século XX. E desse modo, magotes de
portugueses, vítimas de usuários e tornados empecilhos, a viverem na rua, a
quem a chusma dos voluntários contra a fome providencia uma sopinha quente.
E para que nada se desmonte, ainda por cá anda, o
“democrata”, professor, palestraste e pai de deputada socialista, que também
mandou, por diploma de 1961, caridosamente, reactivar o Tarrafal da frigideira
lenta e cresceu, também, uma associação de reformados dourados, na esperança de
que lhes seja feita caridade. Este é o Portugal virado do avesso, onde até a
caridadezinha é coisa santa.
…Tudo é disperso, nada é inteiro. Ò Portugal, hoje és
nevoeiro.
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