Se ele cá estivesse, duvido que glosasse este seu pequeno texto. Porque ele não ia em comédias. E é do que se trata.
O Anjo (José Martins, in Barca Nova, 19 de Fevereiro de 1982)
Era uma vez um Anjo, correia de transmissão do que de mais imbecil havia na corte. O Anjo foi feito porta-voz da corte.
Era uma vez um Anjo, correia de transmissão do que de mais parvo havia na corte. O Anjo foi feito conselheiro da corte.
Era uma vez um Anjo, correia de transmissão do que de mais tolo havia na corte. O Anjo foi feito estratego da corte.
Mas porque o Anjo só fazia rir como porta-voz da corte; só fazia rir como conselheiro da corte; só fazia rir como estratego da corte, razão tinha o Povo quando o Povo dizia: - o Anjo o que é, é o bobo da corte.
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