Ressalve-se a subjectividade destas coisas, mas Jesse Owens foi considerado o melhor atleta de sempre. Nos jogos de 1936, em Berlim, em que foi a estrela mais cintilante, teve o desplante de deitar por terra as teorias de Adolf Hitler sobre a superioridade da raça ariana. Digamos que foi um digníssimo representante da Humanidade.
Este negro criado nas plantações de algodão do Alabama demonstrou, ao vencer 4 medalhas de ouro, a fraude daquelas teorias. Obrigou o chanceler alemão a abandonar o estádio na cerimónia da entrega das medalhas, vergado ao peso da vergonha, quando ganhou a última, no salto em comprimento, conseguindo, no último salto, 8,06 metros contra os 7,87 do alemão Lutz Long.
Owens além do salto em comprimento venceu também os 100 e 200 metros e a estafeta 4x100 metros.
Contestou os defensores do “black power” apoiando as sanções que foram infligidas aos atletas do México-68, mas arrependeu-se uns anos mais tarde, publicamente, através de um livro.
As lições do desporto
Não são raras as lições de humanismo que nos chegam do desporto. O caso recente das atletas russa e georgiana lembram-nos a qualidade de governantes que vamos tendo, cujas acções se afastam, quase sempre cegos pela ambição mesquinha e incompreensível, das aspirações humanas.
Este, de Owens, é um exemplo entre muitos:
O “eterno” duelo entre um branco alemão e um negro americano, protagonizado por Lutz Long e Jesse Owens no salto em comprimento, fez nascer uma sólida amizade entre os dois atletas.
Na prova de qualificação, Owens, após ter anulado dois ensaios, conseguiu o apuramento na última tentativa porque o seu rival o aconselhou (em bom inglês) a começar a corrida de balanço um pé atrás do que estava a fazer.
Entre Long e Owens, a partir desse momento, nunca mais houve qualquer preconceito rácico.
Quando o germânico morreu, em 1943, na II Guerra Mundial, na frente italiana de San Pietro, Owens ficou tremendamente abalado. E, mal o conflito terminou, o tetracampeão olímpico deslocou-se à Alemanha para conhecer o único filho de Long, passando a ajudá-lo materialmente.
(in Jogos Olímpicos – Um século de glória, edição jornal o Público)
1 comentário:
Belíssima história.
Obrigado.
Um abraço.
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