domingo, 24 de agosto de 2008

Memória olímpica (X)

Curiosidades (II)

Gracinha (1972)
Os fortes aplausos que, na parte final da maratona, foram ouvidos no Estádio de Munique não tiveram como destinatário o vencedor, o norte-americano Frank Shorter.
É que, quando todos aguardavam a entrada no Estádio do homem que ia vencer a corrida de 42 quilómetros, um jovem alemão surgiu, com ar triunfante, depois de ter conseguido ludibriar a segurança.
O público não se inteirou do embuste e, durante mais de um minuto, aplaudiu-o, como se ele fosse o novo campeão olímpico.
Para este maratonista de pouco fôlego (supõe-se que terá corrido pouco mais de 500 metros…) a “gracinha” terminou numa esquadra de Munique.
A verdade é que Frank Shorter não sentiu, no Estádio Olímpico, o calor humano que normalmente premeia os vencedores.



Melvin Patton (1948)
O famoso general Patton viu o seu filho Melvin conquistar em Londres aquilo que ele ambicionou em toda a sua carreira de desportista.
George Patton foi quinto no pentatlo moderno de Estocolmo’12, batido por quatro suecos e, para alguns observadores, vítima de um erro dos juízes na competição de tiro.
Volvidos 36 anos, o seu filho Melvin, o melhor velocista mundial do pós-guerra, venceu os 200 metros, numa corrida em que registou o mesmo tempo do segundo clasificado, sucedendo, no trono desta prova, ao famoso Jesse Owens.
Refira-se que, ainda em Londres’48, Melvin também integrou a equipa norte-americana que venceu os 4x100 metros.



Clandestinos (1956)
A partida para a prova de ciclismo de estrada teve de ser atrasada 15 minutos, porque os juízes de partida constaram que, apesar de só terem 88 concorrentes inscritos, havia 90 ciclistas preparados para percorrerem os 175 quilómetros previstos.
Após alguma azáfama, descobriu-se quem eram os “clandestinos”. Tratava-se de dois ciclistas irlandeses, um carpinteiro e um talhante, que queriam alinhar, no intuito de chamarem a atenção para os problemas nacionalistas que se viviam no seu país.
Depois de verem os seus intentos gorados, os dois homens não desistiram. Juntaram-se a duas centenas de outros indivíduos, que lutavam pela mesma causa, lendo, durante algum tempo, alguns trechos de literatura nacionalista irlandesa.



Prata-bronzeada (1936)
No final de um longo concurso de salto com vara, que se prolongou pela noite dentro, dois atletas japoneses estavam igualados na segunda posição. Após uma breve reunião, Shusei Nushida e Sueo Oe decidiram que não iam competir mais, ficando o primeiro com a medalha de prata e o segundo com a de bronze.
Chegados ao Japão, cumpriram a parte final do seu acordo. Levaram as duas medalhas a uma joalharia para serem cortadas a meio e fundidas novamente, passando as duas insígnias a ser compostas por uma metade de prata e outra de bronze.
Efectivamente, nenhum deles se tinha superiorizado ao outro na competição e, por esse motivo, acabaram por acertar contas da forma mais justa.



Suplentes… vitoriosos (1964)
George Hhungerford e Roger Jacksons só se deslocaram até Tóquio na condição de suplentes da tripulação canadiana que ia alinhar na prova de remo de shell de 8.
Para os compensar, os responsáveis pelo remo daquele país permitiram que os dois fizessem equipa na competição de dois sem timoneiro. Treinaram juntos durante seis semanas e a primeira vez que competiram foi na primeira ronda de qualificação do torneio olímpico.
Na final, foram a grande surpresa, ao conquistarem a única medalha de ouro que o seu país alcançou em Tóquio.
Um triunfo tão inesperado que não foi presenciado por um único jornalista canadiano.



Águia ausente (1984)
À última hora, o Comité organizador de Los Angeles’84 teve de trocar o patriotismo pela tecnologia. Um dos momentos culminantes da cerimónia de abertura deveria ser a chegada ao coliseu de uma águia imperial americana, símbolo do país.
Só que a ave, treinada e supertreinada, ao longo de vários meses, deixou o mundo dos vivos quatro dias antes… do dia da sua vida.
Num brilhante improviso, os californianos deitaram mão ao “espacial” homem-foguetão – um “produto” Walt Disney – e, assim, maravilharam o mundo com a sua tecnologia.




(in "jogos Olímpicos - Um século de glória", edição jornal O Público)

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