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Em Angola, por exemplo, não há hoje guerra. Mas pela simples razão de os seus governantes estarem devidamente domesticados. Temos notícias, recentes, de que é o país africano de língua portuguesa com o pior registo de violação dos direitos humanos. Outras dizem-nos que há uma situação de fome nas províncias do Sul, nomeadamente no Cunene. Estamos a falar de um dos países mais ricos do mundo, onde já morreram mais de uma centena de crianças devido a uma epidemia de “raiva”.
Tudo isto traz-nos à memória que África é um continente adiado desde o assassínio de Patrice Lumumba às mãos das “democracias ocidentais”. Ele, que disse que a independência política não era suficiente para libertar África do seu passado colonial, era também necessário que o continente deixasse de ser controlado pela Europa. Foi o que ditou o seu assassínio, por intermédio dos serviços secretos americanos e europeus. Belgas, neste caso. E em que o amigo dos “socialistas” portugueses, o “democrata” Carlucci não estará impune.
Adiantando alguns números, da ONU, não meus, para acabar com o flagelo da fome bastaria a módica quantia de 3 mil milhões de dólares. Ora, na guerra do Iraque gastaram-se 12 mil milhões até finais de 2008. Gastos por governos “democraticamente” eleitos.
Sabe-se também, e a história comprova-o, aliás Lumumba é um exemplo, um leader africano que queira mesmo lutar pela real independência do seu país é um homem marcado para… morrer.
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E, para não dizer que a culpa é só dos outros, no meio de tudo isto há os “leaders” que se põem a jeito, fazem o papel de meninos obedientes e bem comportados, traindo os seus povos, colocando-se às ordens do capitalismo internacional. E assim se explica a situação daquele martirizado continente.
O escritor angolano Manuel dos Santos Lima traduziu brilhantemente tudo isto num dos seus romances “Os anões e os mendigos”, de 1984, que vale a pena reler. E, em África, devia ser obrigatório nas escolas. Porque.
3 comentários:
Muito pertinente o teu post.
Sabes que estamos a colaborar do meu Departamento (Línguas) com a AMI, para a Guiné.
Não conheço África, mas amo-a, como qualquer alentejano.
Bj
Alex,
Muito interessante o post.
Infelizmente a realidade africana é muito complicada e de resolução com elevada complexidade.
Abraço,
Zorze
O Carlucci andava lá pelo Congo quando Patrice Lumumba foi assassinado - se não estou em erro, essa foi, mesmo, a primeira grande proeza dele...
Um abraço.
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