quarta-feira, 1 de julho de 2009

Uíge

um sonho vesperal me toma
sonolento
e traz-me o peso enorme das montanhas
azuis
como céus profundos

e esse abraço de serra, húmus e sonho
como meditando na distância
ergue mansamente a mão fechada
e caminha para o sol
que vai poente…

mas de repente
o instinto azul da serra estende-se solene
e esmaga as luzes da cidade

na minha mão
fica uma cova de sombras



Arnaldo Santos, Uíge, 1 de Maio de 1959

(poeta angolano, 1935)

1 comentário:

Ana Tapadas disse...

É um poema muito belo!
Venho aqui agradecer-te o prémio, que já postei e fico a ler este poema lindo...
bj