Augusto Alberto
Ao correr os jornais, vejo que o santo Papa foi em cruzada, anticomunista, como ainda são as cruzadas modernas, embora não pareça, à República Checa. O santo homem mais uma vez papagueou, bem ao jeito dos que hoje são o ómega e o alfa da globalização, esse eufemismo, onde se deverá, antes, escrever, o mais cruel e acirrado capitalismo, que muita desgraça tem deixado pelo mundo.
Falou da libertação dos Países da Europa do leste de regimes opressivos, da época comunista. E se a queda do muro de Berlim marcou um momento decisivo da história mundial, ainda foi mais para os países da Europa Central e do leste, permitindo-lhe ocupar o lugar que lhes compete no concerto das Nações de forma soberana.
Bem sei que o santo homem, escondido e drapejando suave no conforto do Vaticano, não imaginará que muitos dos cidadãos deste mundo, estão tão desconfortáveis, que não ocupam o lugar que lhes compete no concerto dos povos.
O santo padre é um traficante de consciências e da história, porque deveria saber que povos que saíram do concerto, ali sim, da União Soviética, estão hoje bem longe do justo concerto dos povos. Saberá como vivem os povos da Chechénia, da Inguchétia, do enclave do Nagorno Karaba e dos fracassados regimes soberanos da Bulgária, por exemplo, que se dá à tontura de fazer uma experiência com um primeiro ministro, que antes do ser, já tinha sido, Simião, o rei, por exemplo, ou mesmo da mãe Rússia? Tanto faz, porque os andrajosos não se arrastam pelas praças do Vaticano.
Mas, em todo o caso, falemos de denúncias. Se o santo padre é um homem de uma só denúncia, então é preciso dizer que a igreja que agora dirige nunca se deu ao trabalho de apontar os que na União Soviética deixaram um rasto de 30 milhões de vidas e de milhares de infra-estruturas vitais, completamente destruídas. Se eu pudesse chegar-lhe, talvez o convidasse a passar pelo cemitério de Piskarevskaye, hoje em São Petersburgo, onde em campa rasa e comum, estão 700 mil vidas, e ali fazer a denúncia ao Mundo, dos abjectos crimes do capitalismo, em serviço, ontem, de democráticas, hoje, empresas como a Siemens, Krupps ou a Bayer, e de seguida fazer o elogio da resistência, escrita a sangue, do povo da cidade de Leninegrado, durante 900 dias. E se este santo homem, preocupado com o mundo, nunca o fez nem o fará, é porque também foi um fascista. E um fascista, nunca falará das tropelias dos seus pares.
Mas nem a propósito, na semana que agora acabou, passei por Lisboa. Fui ver os painéis de Almada Negreiros, no edifício da Rocha de Conde de Óbidos, hoje o terminal de cruzeiros da capital, e por onde nos anos da guerra, desfilavam os batalhões com passagem para a África, ao serviço de um indigente capitalismo, que a igreja de Roma nunca foi capaz de denunciar, antes pelo contrário, com quem partilhou ideias e amores.
Hoje já não passam batalhões, mas passam cruzeiros da mais fina tontaria e requinte, e naquele instante, vejo um iate colossal e espanto-me, apesar de já ter visto o suficiente para não me impressionar. Anotei a imagem, e qual o meu espanto, quando no dia seguinte, também através da imprensa, fiquei a saber que o fabuloso iate é pertença de um sortudo novo rico, magnate do petróleo russo, daqueles que num estalar de dedos se fizeram riquíssimos após o famoso tropeção soviético. É então legítimo dizer que o santo homem terá afinal alguma razão. Este magnata do petróleo, tem, com certeza, lugar no concerto dos homens, muito ao contrário de muitos dos seus concidadãos, abafados na indigência e no álcool.
Porventura, o santo homem, que bem sabe o que faz, poderá continuar a papaguear o quiser, mas não poderá decretar o fim da história, ainda que lhe desse bom gosto.
Ao correr os jornais, vejo que o santo Papa foi em cruzada, anticomunista, como ainda são as cruzadas modernas, embora não pareça, à República Checa. O santo homem mais uma vez papagueou, bem ao jeito dos que hoje são o ómega e o alfa da globalização, esse eufemismo, onde se deverá, antes, escrever, o mais cruel e acirrado capitalismo, que muita desgraça tem deixado pelo mundo.
Falou da libertação dos Países da Europa do leste de regimes opressivos, da época comunista. E se a queda do muro de Berlim marcou um momento decisivo da história mundial, ainda foi mais para os países da Europa Central e do leste, permitindo-lhe ocupar o lugar que lhes compete no concerto das Nações de forma soberana.
Bem sei que o santo homem, escondido e drapejando suave no conforto do Vaticano, não imaginará que muitos dos cidadãos deste mundo, estão tão desconfortáveis, que não ocupam o lugar que lhes compete no concerto dos povos.
O santo padre é um traficante de consciências e da história, porque deveria saber que povos que saíram do concerto, ali sim, da União Soviética, estão hoje bem longe do justo concerto dos povos. Saberá como vivem os povos da Chechénia, da Inguchétia, do enclave do Nagorno Karaba e dos fracassados regimes soberanos da Bulgária, por exemplo, que se dá à tontura de fazer uma experiência com um primeiro ministro, que antes do ser, já tinha sido, Simião, o rei, por exemplo, ou mesmo da mãe Rússia? Tanto faz, porque os andrajosos não se arrastam pelas praças do Vaticano.
Mas, em todo o caso, falemos de denúncias. Se o santo padre é um homem de uma só denúncia, então é preciso dizer que a igreja que agora dirige nunca se deu ao trabalho de apontar os que na União Soviética deixaram um rasto de 30 milhões de vidas e de milhares de infra-estruturas vitais, completamente destruídas. Se eu pudesse chegar-lhe, talvez o convidasse a passar pelo cemitério de Piskarevskaye, hoje em São Petersburgo, onde em campa rasa e comum, estão 700 mil vidas, e ali fazer a denúncia ao Mundo, dos abjectos crimes do capitalismo, em serviço, ontem, de democráticas, hoje, empresas como a Siemens, Krupps ou a Bayer, e de seguida fazer o elogio da resistência, escrita a sangue, do povo da cidade de Leninegrado, durante 900 dias. E se este santo homem, preocupado com o mundo, nunca o fez nem o fará, é porque também foi um fascista. E um fascista, nunca falará das tropelias dos seus pares.
Mas nem a propósito, na semana que agora acabou, passei por Lisboa. Fui ver os painéis de Almada Negreiros, no edifício da Rocha de Conde de Óbidos, hoje o terminal de cruzeiros da capital, e por onde nos anos da guerra, desfilavam os batalhões com passagem para a África, ao serviço de um indigente capitalismo, que a igreja de Roma nunca foi capaz de denunciar, antes pelo contrário, com quem partilhou ideias e amores.
Hoje já não passam batalhões, mas passam cruzeiros da mais fina tontaria e requinte, e naquele instante, vejo um iate colossal e espanto-me, apesar de já ter visto o suficiente para não me impressionar. Anotei a imagem, e qual o meu espanto, quando no dia seguinte, também através da imprensa, fiquei a saber que o fabuloso iate é pertença de um sortudo novo rico, magnate do petróleo russo, daqueles que num estalar de dedos se fizeram riquíssimos após o famoso tropeção soviético. É então legítimo dizer que o santo homem terá afinal alguma razão. Este magnata do petróleo, tem, com certeza, lugar no concerto dos homens, muito ao contrário de muitos dos seus concidadãos, abafados na indigência e no álcool.
Porventura, o santo homem, que bem sabe o que faz, poderá continuar a papaguear o quiser, mas não poderá decretar o fim da história, ainda que lhe desse bom gosto.
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