Augusto Alberto
Usain Bolt deu continuidade a Pequim e colocou-se, de momento, como o atleta mais mediático do desporto internacional. Ao contrário, Isinbayeva, embrulhou-se em Berlim na sua pesporrência e saiu como um embuste. Mas de quem eu mais gostei, foi de Caster Semenya.
Na meia final dos 800 metros, o seu corpo de traços robustos, num ombro a ombro no momento quente da recta final, fez rebolar a ligeirinha campeã olímpica de Pequim pela pista, que logo após, foi recolocada na final, e muito bem, pela mão do colégio de apelo. Caster Semenya, olhou com garbo, em redor do estádio e para as suas adversárias, bebeu um gole de água e saiu de cena. Na final, do ponto de vista táctico, fez tudo mal e ganhou. Só uma louca e insolente, se coloca desde o tiro de partida à frente das adversárias bem mais experientes, cobrindo a corda, sem cedências, e a cada passo, ampliando a sua vantagem e termina batendo o recorde do mundo. Acabou serena, embrulhou-se na bandeira da sua África, agradeceu e saiu firme. Para uma menina de 18 anos, meio desconhecida e com presença pela 1ª vez num campeonato do mundo, só poderá ser alguém muito especial. Quando tudo for esclarecido sobre as suspeitas do seu género, só lhe poderemos atirar um beijo, se não derem em nada, e sublinhar como a coisa mais sensacional que aconteceu em Berlim.
Portugal, neste instante, provou que afinal ainda tem excelentes atletas de fundo, sobretudo no que às longas distâncias diz respeito. Refiro-me à marcha e à maratona. Um 4º lugar colectivo na Taça do Mundo de maratona, que resulta da soma dos tempos dos três primeiros atletas de cada nação, colocou a pátria só atrás dos fabulosos atletas do Quénia, Etiópia e da extraordinária escola de maratona do Japão. E por isso, quero aqui recordar a história de uma aposta dos nossos amigos espanhóis, em ano que entenderam que a sua muito boa escola de fundo podia atingir um patamar de excepção. Num objectivo ambicioso, a médio prazo, montaram uma estratégia com vista à maratona, bem suportada financeiramente por quem nesta matéria tem responsabilidades de colocar a sua pátria no lado mais alto da história, e tiveram êxito completo. No campeonato do mundo em causa, conquistaram as três medalhas na maratona. Eu digo os nomes de ouro, prata e bronze. José Martin, um nosso duro primo galego, Abel Anton e Aberto Juzardo. Em pleno! Como é que isto foi feito? Muito simples: uma escolha criteriosa e limitada, do conjunto das competições, em linha com os interesses da participação em campeonato do mundo. Desse modo, foi possível aumentar substancialmente o volume do treino e acautelar melhores níveis de recuperação. O resultado esteve à vista, num risco superiormente calculado.
Sendo assim, então o que separa os nossos fundistas de uns passinhos mais adiante? Talvez uma pequena fatia do dinheiro que foi gasto, a contento da elite do betão, nos estádios do europeu, e colocá-lo ao serviço dessa estratégia que tão bem conhecemos. Assim, quase sempre, ficámos suspensos de uma bela medalha de prata no triplo salto e de um 4º lugar no salto em comprimento, por parte de uma atleta que nestes momentos treme sempre um pouco mais para lá do desejável. Soube a pouco.
Pois é. Estás coisas não são para quem tem tremores, num dado momento, nas solas dos sapatos e para quem tem o dever de tomar as boas decisões.
Até para a próxima.
Usain Bolt deu continuidade a Pequim e colocou-se, de momento, como o atleta mais mediático do desporto internacional. Ao contrário, Isinbayeva, embrulhou-se em Berlim na sua pesporrência e saiu como um embuste. Mas de quem eu mais gostei, foi de Caster Semenya.
Na meia final dos 800 metros, o seu corpo de traços robustos, num ombro a ombro no momento quente da recta final, fez rebolar a ligeirinha campeã olímpica de Pequim pela pista, que logo após, foi recolocada na final, e muito bem, pela mão do colégio de apelo. Caster Semenya, olhou com garbo, em redor do estádio e para as suas adversárias, bebeu um gole de água e saiu de cena. Na final, do ponto de vista táctico, fez tudo mal e ganhou. Só uma louca e insolente, se coloca desde o tiro de partida à frente das adversárias bem mais experientes, cobrindo a corda, sem cedências, e a cada passo, ampliando a sua vantagem e termina batendo o recorde do mundo. Acabou serena, embrulhou-se na bandeira da sua África, agradeceu e saiu firme. Para uma menina de 18 anos, meio desconhecida e com presença pela 1ª vez num campeonato do mundo, só poderá ser alguém muito especial. Quando tudo for esclarecido sobre as suspeitas do seu género, só lhe poderemos atirar um beijo, se não derem em nada, e sublinhar como a coisa mais sensacional que aconteceu em Berlim.
Portugal, neste instante, provou que afinal ainda tem excelentes atletas de fundo, sobretudo no que às longas distâncias diz respeito. Refiro-me à marcha e à maratona. Um 4º lugar colectivo na Taça do Mundo de maratona, que resulta da soma dos tempos dos três primeiros atletas de cada nação, colocou a pátria só atrás dos fabulosos atletas do Quénia, Etiópia e da extraordinária escola de maratona do Japão. E por isso, quero aqui recordar a história de uma aposta dos nossos amigos espanhóis, em ano que entenderam que a sua muito boa escola de fundo podia atingir um patamar de excepção. Num objectivo ambicioso, a médio prazo, montaram uma estratégia com vista à maratona, bem suportada financeiramente por quem nesta matéria tem responsabilidades de colocar a sua pátria no lado mais alto da história, e tiveram êxito completo. No campeonato do mundo em causa, conquistaram as três medalhas na maratona. Eu digo os nomes de ouro, prata e bronze. José Martin, um nosso duro primo galego, Abel Anton e Aberto Juzardo. Em pleno! Como é que isto foi feito? Muito simples: uma escolha criteriosa e limitada, do conjunto das competições, em linha com os interesses da participação em campeonato do mundo. Desse modo, foi possível aumentar substancialmente o volume do treino e acautelar melhores níveis de recuperação. O resultado esteve à vista, num risco superiormente calculado.
Sendo assim, então o que separa os nossos fundistas de uns passinhos mais adiante? Talvez uma pequena fatia do dinheiro que foi gasto, a contento da elite do betão, nos estádios do europeu, e colocá-lo ao serviço dessa estratégia que tão bem conhecemos. Assim, quase sempre, ficámos suspensos de uma bela medalha de prata no triplo salto e de um 4º lugar no salto em comprimento, por parte de uma atleta que nestes momentos treme sempre um pouco mais para lá do desejável. Soube a pouco.
Pois é. Estás coisas não são para quem tem tremores, num dado momento, nas solas dos sapatos e para quem tem o dever de tomar as boas decisões.
Até para a próxima.
Sem comentários:
Enviar um comentário