1.
Quem diria? O capitalismo em Angola está muito mais desenvolvido do que em Portugal. Porquê, não faço a mínima ideia. Ou os angolanos são mais competentes ou os portugueses são mais distraídos.
E isto para além do desenvolvimento económico atingir índices de crescimento muito positivos, a fome, a miséria das classes trabalhadoras são muito mais acentuadas. E o nível de vida muito mais baixo. Num país reconhecidamente riquíssimo, é obra. Significa que as desigualdades sociais, uma das características do capitalismo, são realmente muito mais acentuadas.
Um outro pormenor que contribui para este avanço de Angola é-nos dado pelo jornalista angolano Wilson Dadá, no seu blogue “Morro da Maianga”. Sobre o caso “Face Oculta”, em Portugal, diz-nos ele que uma investigação deste tipo em Angola nunca teria necessidade de se chamar “face oculta”. “Aqui é tudo a descoberto. Aqui a malta tem muita coragem, é muito mais indómita, muito mais intrépida. Aqui a malta tem de facto “tomates”.
E Wilson exemplifica o “desenvolvimento”: “Os dez mil euros que o “pobre” do Mandinho é acusado de ter recebido em Portugal do sucateiro do bigodinho, aqui, qualquer dia, já nem para gorjeta vai servir.
O pobre do Mandinho aqui seria imediatamente condenado e ostracizado pelos seus pares locais por manifesta e incompreensível falta de ambição e brio profissional.
Aqui é tudo muito a sério.
Aqui é tudo em grande.
Por alguma razão Portugal cabe inteirinho 14 vezes em Angola.”
E isto para além do desenvolvimento económico atingir índices de crescimento muito positivos, a fome, a miséria das classes trabalhadoras são muito mais acentuadas. E o nível de vida muito mais baixo. Num país reconhecidamente riquíssimo, é obra. Significa que as desigualdades sociais, uma das características do capitalismo, são realmente muito mais acentuadas.
Um outro pormenor que contribui para este avanço de Angola é-nos dado pelo jornalista angolano Wilson Dadá, no seu blogue “Morro da Maianga”. Sobre o caso “Face Oculta”, em Portugal, diz-nos ele que uma investigação deste tipo em Angola nunca teria necessidade de se chamar “face oculta”. “Aqui é tudo a descoberto. Aqui a malta tem muita coragem, é muito mais indómita, muito mais intrépida. Aqui a malta tem de facto “tomates”.
E Wilson exemplifica o “desenvolvimento”: “Os dez mil euros que o “pobre” do Mandinho é acusado de ter recebido em Portugal do sucateiro do bigodinho, aqui, qualquer dia, já nem para gorjeta vai servir.
O pobre do Mandinho aqui seria imediatamente condenado e ostracizado pelos seus pares locais por manifesta e incompreensível falta de ambição e brio profissional.
Aqui é tudo muito a sério.
Aqui é tudo em grande.
Por alguma razão Portugal cabe inteirinho 14 vezes em Angola.”
2.
Onde o capitalismo tem tido alguma dificuldade em meter a pata é na América Latina. Mas, apesar disso, tem lá um rincão onde está muito à frente da média global. Na Colômbia, repara-se que não têm necessidade de fundarem centrais sindicais paralelas, ou amarelas, como queiram, para dividir e enfraquecer o papel social do trabalho. Lá, pura e simplesmente se assassinam os sindicalistas, os militantes de Esquerda e mais quem se opuser à sua vontade.
Claro que não estou desiludido porque na Europa, e particularmente em Portugal, o capitalismo não ter atingido ainda um grau de desenvolvimento tão acentuado. Para lá caminha, ainda que o processo seja muito lento. Mas sabe-se que um dos seus processos de sobrevivência é colocar os trabalhadores europeus ao nível dos seus congéneres doutras paragens.
E pode passar despercebido esse processo, mas que está em curso, a ganhar um maior ritmo, lá isso está.
3.
Claro que não estou desiludido porque na Europa, e particularmente em Portugal, o capitalismo não ter atingido ainda um grau de desenvolvimento tão acentuado. Para lá caminha, ainda que o processo seja muito lento. Mas sabe-se que um dos seus processos de sobrevivência é colocar os trabalhadores europeus ao nível dos seus congéneres doutras paragens.
E pode passar despercebido esse processo, mas que está em curso, a ganhar um maior ritmo, lá isso está.
3.
Num serviço noticioso da televisão vejo a cobertura da chegada dos leaders da América Latina para a conferência. A coisa está tão, tão globalizada, tão aceite que o jornalista refere-se a Raúl Castro, Hugo Chaves e Evo Morales, para dizer que não vieram, como os “controversos”. Porquê? Porque não se põem a jeito do capitalismo internacional, vulgo imperialismo? Está visto o que toda a gente sabe, mas agora é às claras: a globalização é a submissão dos povos a um padrão único. Também sou controverso.
Agora imaginem que não tivesse vindo gente decente. Acham que seria legítimo que eu dissesse que a reunião é só para filhos da puta? Claro que nunca diria.
Pronto, está bem, não diria, mas pensava. Lá isso pensava.
Agora imaginem que não tivesse vindo gente decente. Acham que seria legítimo que eu dissesse que a reunião é só para filhos da puta? Claro que nunca diria.
Pronto, está bem, não diria, mas pensava. Lá isso pensava.
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