quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

As várias utilidades do “Magalhães”

Nenhum outro computador, ou imitação de, foi e é tão útil quanto o famigerado “Magalhães”. Tendo sido um indecoroso e lucrativo negócio para a empresa que o negociou, às custas do erário público, a grande estrela do ano que agora se fina serve ainda para crianças desfavorecidas o trocarem por dinheiro ou por brinquedos.
Isto num país moderno onde a corrupção atinge picos pós-modernos.
Uma outra utilidade foi encontrada pela primeira-dama aqui da “aldeia”. Na prova de língua estrangeira para o 12º ano do CNO, o dito “magalhães” foi o argumento para treinar o seu espanhol, com um hipotético diálogo telefónico entre Sócrates e Hugo Chavez.
Aí vai, penso que ficaram bem os dois na fotografia:




(Qualquer comparação entre esta conversa telefónica e a realidade é pura ficção… Ou talvez não!)


J. Sócrates- Está? Está lá? Daqui fala José Sócrates, o engenheiro! Estás porreiro pá? Está? Está lá? Estás-me a ouvir meu?
Hugo Chavez- Enginiero!? Oh si, si! El enginiero… Te escucho perfectamente. Hombre qué pasa, algun problema compañero?
J. Sócrates- Companheiro uma ova… Nada de misturas!
Hugo Chavez- Qué? Qué dices? No te entiendo!
J. Sócrates- Nada, nada, deve ser do barulho das obras na rede de comunicações, coisas do progresso. Olha pá estou-te a ligar para saber como é que as tuas criancinhas aí receberam a minha grande ideia do Computador Magalhães?
Hugo Chavez- Bon, la tuya idea yo no la sé, pero la mía, esa si tuvo un suceso fenomenal. Aproveché las Navidades, para regalar el “Magalhães” a los chavalitos de las escuelas. Mira, crees que, con esta idea, hay superado la popularidad daquello gordo imperialista de papá-Noel.
J. Sócrates- Estou a ver, estou a ver, meu… Eu aqui também obtive um grande sucesso, pois durante o período de Natal, as operadoras de telecomunicações e os hiper-mercados, fartaram-se de ganhar dinheiro a vender esta minha ideia a duzentos e tal euros cada computador Magalhães.
Hugo Chavez- Entonces toda aquella charla de ordenadors para los chavales de las escuelas a cinquenta euros, era todo un embuste? Y es asi que quires obtener la mayoria absoluta?
J. Sócrates- Podes crer meu! Estou a trabalhar nesse sentido. Sabes, aqui em Portugal, quem decide quem ganha eleições são os tipos da “massa”. Os meninos das escolas ainda não votam, e a seu tempo terão o tão desejado “Magalhães”, mas entretanto tenho outras prioridades.
Hugo Chavez- Estoy mirando! Á ver! Yo no conosco pueblo más raro do que los portugueses. Pasan la vida a recibir bastonadas, pero, lo peor de todo, a mi me parece que vos gusta. Menos mal.
Mira, los chavalitos de acá, les gusta mucho el ordenador, pero como son muy listos, ya se enteraran acerca de los hechos dese tal Magalhães, y te lo aseguro que no quedaran fãs de él. Les gusta más vuestro jugador de futebol, Cristiano Ronaldo. Quê te parece si cambiáramos el nombre del ordenador?
J. Sócrates- Oh meu! Mas tu ensandeceste, ou quê pá? O Magalhães foi o homem que no século XVI iniciou a viagem de circum-navegação à volta do Mundo, provando que a terra era redonda! É o Armstrong do renascimento!
Chavez- Me parecia que los “Yankees” estavan metidos en esto… Acá los chavalitos tienen razon, no gustan de lo Magalhães y como yo, tampoco de los americanos.
J. Sócrates- Bem pá, vou ter de desligar porque combinei uma patuscada com uns amigos do Governo e aqueles chatos da oposição para assistirmos, dentro de momentos, à transmissão em directo de Washington da tomada de posse do Presidente Obama. Adeus, e vê lá! Não me desgraces com essas tuas ideias de…
Hugo Chavez- Ojo! Ouhi decir que la color dese tal Obama es más una ilusión de óptica. Ahora la Naomi Campbell, esa no es ningúna ilusión, es una dádiva de Dios. Saludos y hasta siempre compañero.

Maria Madalena de Carvalho Campos
Figueira da Foz, 20 de Janeiro de 2009

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