Augusto Alberto
Tenho um amigo que anda desiludido e apreensivo. Cruzamo-nos muitas vezes na avenida, local de encontros, partilhas e dores. Basta ouvir os desabafos, que nem mesmo o mar consegue diluir. Hoje, pela manhã, estava uma temperatura de amêndoa, porque o vento suão, que nos carregou com o frio, resolveu dar-nos descanso. Havia alguma vaga e uma neblina muito ténue, que faz da Figueira nesta data, um lugar manso e de presépio, e por isso já havia pescadores pela praia, surfistas empoleirados nas pranchas, empurrados pela força da vaga.
Colei-me a esse meu amigo e como sempre, abri a conversa: - “então novidades?” “Nenhumas”, disse-me, “a não ser as de sempre, que nos falam de um país de ladrões e aldrabões”. Ouvi o desabafo uma outra vez e como naquele momento estava mais para ouvir do que para falar, deixei que continuasse. E o meu amigo foi ao desafio.
- “Ouvi o João Salgueiro dizer que isto vai acabar mal”. Ai, atirei: “Esses são agoiros de gente que quer que sejam sempre os mesmos a pagar a crise, sem que nada mude, até que nova crise virá, porque é fêmea, e voltarão os mesmos, sem responsabilidades, a ter de pagar. Enquanto essa gente não for chamada à responsabilidade e estiver na primeira fila do acerto de contas, está fora do baralho”.
Mas o meu amigo descrente, voltou: – “É preciso mudar de sistema. Já não voto, nem sequer em branco. Então disse-lhe: - “Razão tinha o Saramago quando sugeriu o voto em branco, mas caiu o Carmo e a Trindade. Mas com a sua demissão do voto, vai ainda mais longe. Mas isto é a democracia, meu caro. Diga-me qual é a alternativa?”
- “Eu só volto a votar, quando previamente me apresentarem uma lista com os melhores”. “Alto”, disse eu. “O que quer você fazer homem, uma revolução? Olhe que o que propõe não é coisa própria de uma democracia universal e parlamentar”.
- “Bem sei, mas só voto quando me forem propostas listas com os melhores, porque listas carregadas de trafulhas, nunca mais”.
Ora cá está, como este meu amigo, que há anos foi eleito autarca independente numa lista de um dos partidos do poder cá da terra, acaba por intuição, por dar um passo adiante. Dir-se-á que não sendo tudo, já é alguma coisa. Pois é.
É verdade que perante este desejo intuitivo, deixei-me ficar à defesa, levado pela neblina e a modorra, sem nervo para mais, mas agora, sempre adianto, que afinal o que o meu amigo propõe, por intuição, é uma revolução.
Sabem que há um lugar assim, como só agora quer o meu amigo. Que não tendo riquezas materiais, uma costa rica em peixe, notáveis florestas, ricas em madeira e borracha, por exemplo, rios capazes de produzir energia limpa, ouro ou diamantes, petróleo do mais fino, o que tem é ruim e espesso, de difícil refinação, e por isso só dá para produzir alguma iluminação, mas também não tem cidades engolidas pela natureza, por força do descuido dos eleitos, como foi em Nova Orleans, ou como Caracas, ou São Paulo, porque por lá os que dirigem, são eleitos, porque são os melhores, e porque são os melhores, ficam com a obrigação de zelar pelo bem social, e por isso, por norma, a natureza agride, mas quase não mata.
Não admira que os seus eleitos, o sejam sempre acima dos 95%. Quem diria!
Tenho um amigo que anda desiludido e apreensivo. Cruzamo-nos muitas vezes na avenida, local de encontros, partilhas e dores. Basta ouvir os desabafos, que nem mesmo o mar consegue diluir. Hoje, pela manhã, estava uma temperatura de amêndoa, porque o vento suão, que nos carregou com o frio, resolveu dar-nos descanso. Havia alguma vaga e uma neblina muito ténue, que faz da Figueira nesta data, um lugar manso e de presépio, e por isso já havia pescadores pela praia, surfistas empoleirados nas pranchas, empurrados pela força da vaga.
Colei-me a esse meu amigo e como sempre, abri a conversa: - “então novidades?” “Nenhumas”, disse-me, “a não ser as de sempre, que nos falam de um país de ladrões e aldrabões”. Ouvi o desabafo uma outra vez e como naquele momento estava mais para ouvir do que para falar, deixei que continuasse. E o meu amigo foi ao desafio.
- “Ouvi o João Salgueiro dizer que isto vai acabar mal”. Ai, atirei: “Esses são agoiros de gente que quer que sejam sempre os mesmos a pagar a crise, sem que nada mude, até que nova crise virá, porque é fêmea, e voltarão os mesmos, sem responsabilidades, a ter de pagar. Enquanto essa gente não for chamada à responsabilidade e estiver na primeira fila do acerto de contas, está fora do baralho”.
Mas o meu amigo descrente, voltou: – “É preciso mudar de sistema. Já não voto, nem sequer em branco. Então disse-lhe: - “Razão tinha o Saramago quando sugeriu o voto em branco, mas caiu o Carmo e a Trindade. Mas com a sua demissão do voto, vai ainda mais longe. Mas isto é a democracia, meu caro. Diga-me qual é a alternativa?”
- “Eu só volto a votar, quando previamente me apresentarem uma lista com os melhores”. “Alto”, disse eu. “O que quer você fazer homem, uma revolução? Olhe que o que propõe não é coisa própria de uma democracia universal e parlamentar”.
- “Bem sei, mas só voto quando me forem propostas listas com os melhores, porque listas carregadas de trafulhas, nunca mais”.
Ora cá está, como este meu amigo, que há anos foi eleito autarca independente numa lista de um dos partidos do poder cá da terra, acaba por intuição, por dar um passo adiante. Dir-se-á que não sendo tudo, já é alguma coisa. Pois é.
É verdade que perante este desejo intuitivo, deixei-me ficar à defesa, levado pela neblina e a modorra, sem nervo para mais, mas agora, sempre adianto, que afinal o que o meu amigo propõe, por intuição, é uma revolução.
Sabem que há um lugar assim, como só agora quer o meu amigo. Que não tendo riquezas materiais, uma costa rica em peixe, notáveis florestas, ricas em madeira e borracha, por exemplo, rios capazes de produzir energia limpa, ouro ou diamantes, petróleo do mais fino, o que tem é ruim e espesso, de difícil refinação, e por isso só dá para produzir alguma iluminação, mas também não tem cidades engolidas pela natureza, por força do descuido dos eleitos, como foi em Nova Orleans, ou como Caracas, ou São Paulo, porque por lá os que dirigem, são eleitos, porque são os melhores, e porque são os melhores, ficam com a obrigação de zelar pelo bem social, e por isso, por norma, a natureza agride, mas quase não mata.
Não admira que os seus eleitos, o sejam sempre acima dos 95%. Quem diria!
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