Augusto Alberto
Hoje, dia em que escrevo, 3 de Dezembro, comemora-se o dia dos cidadãos com deficiência. Nem de propósito, porque eu aproveito para falar de uma pequena história, que nos diz que as intenções morais estão bem longe das facilidades materiais.
Evidentemente que reconheço que as coisas mudaram. Já lá vai o tempo, quando viajava da cidade de Aveiro, onde vivia, para visitar a minha terra, Figueira da Foz, e em Mira se fazia a transferência de autocarro, lá estava, vagueando pelo parque, o sujo maluquinho de Mira. Isto foi no fascismo, nos anos de 60 e 70, do século passado, e era o que faltava que nada tivesse mudado. Contudo, há ainda muito para alterar, nem que seja no domínio da pequeníssima sensibilidade.
Foi o caso. No dia 30 de Novembro, último, dirigi-me com a atleta paraplégica e paraolimpica, que em Pequim, nos últimos Jogos Paraolimpicos, foi porta – bandeira da Pátria, na cerimónia de abertura, para o Centro de alto rendimento do Jamor, no sentido de continuar a preparação com vista a regatas futuras, logo à cabeça, o próximo Campeonato do Mundo, e as seguintes, com vista aos Jogos Paraolimpicos em 2012, em Londres.
Tudo certo entre a Federação Portuguesa de Remo, que é a entidade que suporta a preparação da atleta, e o Centro. Para lá rumamos, ela e eu, que sou o seu treinador. Para nosso espanto, tivemos de voltar logo para casa, porque o centro de treino de alto rendimento por excelência, não reúne, em boa verdade, condições de alojamento para cidadãos com deficiência de fora da capital, atletas de alta competição e por isso, está desse modo vedada a utilização das magníficas instalações de apoio ao treino.
Fiquei com a ideia de que o responsável pelas instalações, estava convencido de que eu carregaria a atleta, que pesa quase tanto como eu, pela escada acima e volta, até aos quartos, que estão no primeiro andar, 6 a 8 vezes por dia. Um completo absurdo e uma cruel falta de sensibilidade.
Acredito que quem manda, ainda não tenha percebido que alguns atletas com deficiência, treinam tanto, como os atletas, de quem se diz, normais. Aliás, esta atleta treina 10 a 12 vezes por semana, e por isso trata-se de uma atleta de alta competição e naturalmente, com o completo direito de utilizar em pleno, as magnificas estruturas.
O funcionário que nos atendeu, sem responsabilidade, desfez-se em desculpas e foi de uma gentileza notável e raramente arguto, porque me disse: - infelizmente, tem sido sempre assim, quando por cá passam pessoas com deficiência, são carregados a braços para o 1ºandar.
Hoje, dia em que escrevo, 3 de Dezembro, comemora-se o dia dos cidadãos com deficiência. Nem de propósito, porque eu aproveito para falar de uma pequena história, que nos diz que as intenções morais estão bem longe das facilidades materiais.
Evidentemente que reconheço que as coisas mudaram. Já lá vai o tempo, quando viajava da cidade de Aveiro, onde vivia, para visitar a minha terra, Figueira da Foz, e em Mira se fazia a transferência de autocarro, lá estava, vagueando pelo parque, o sujo maluquinho de Mira. Isto foi no fascismo, nos anos de 60 e 70, do século passado, e era o que faltava que nada tivesse mudado. Contudo, há ainda muito para alterar, nem que seja no domínio da pequeníssima sensibilidade.
Foi o caso. No dia 30 de Novembro, último, dirigi-me com a atleta paraplégica e paraolimpica, que em Pequim, nos últimos Jogos Paraolimpicos, foi porta – bandeira da Pátria, na cerimónia de abertura, para o Centro de alto rendimento do Jamor, no sentido de continuar a preparação com vista a regatas futuras, logo à cabeça, o próximo Campeonato do Mundo, e as seguintes, com vista aos Jogos Paraolimpicos em 2012, em Londres.
Tudo certo entre a Federação Portuguesa de Remo, que é a entidade que suporta a preparação da atleta, e o Centro. Para lá rumamos, ela e eu, que sou o seu treinador. Para nosso espanto, tivemos de voltar logo para casa, porque o centro de treino de alto rendimento por excelência, não reúne, em boa verdade, condições de alojamento para cidadãos com deficiência de fora da capital, atletas de alta competição e por isso, está desse modo vedada a utilização das magníficas instalações de apoio ao treino.
Fiquei com a ideia de que o responsável pelas instalações, estava convencido de que eu carregaria a atleta, que pesa quase tanto como eu, pela escada acima e volta, até aos quartos, que estão no primeiro andar, 6 a 8 vezes por dia. Um completo absurdo e uma cruel falta de sensibilidade.
Acredito que quem manda, ainda não tenha percebido que alguns atletas com deficiência, treinam tanto, como os atletas, de quem se diz, normais. Aliás, esta atleta treina 10 a 12 vezes por semana, e por isso trata-se de uma atleta de alta competição e naturalmente, com o completo direito de utilizar em pleno, as magnificas estruturas.
O funcionário que nos atendeu, sem responsabilidade, desfez-se em desculpas e foi de uma gentileza notável e raramente arguto, porque me disse: - infelizmente, tem sido sempre assim, quando por cá passam pessoas com deficiência, são carregados a braços para o 1ºandar.
Bastava uma pequeníssima parte do dinheiro que se gastou na construção de alguns estádios para o Europeu de futebol, sobre os quais se diz, agora, que o melhor é atirar ao chão, para que este problema fosse completamente resolvido. Tem inteira razão, até porque a solução é simplíssima e ligeira. Mas eu, que me habituei a ser céptico, digo que é por estas e por outras, que desconfio, não raro, nesta pátria, de algumas ideias. Tremo, porque são de trampa. Foi assim com a ideia do Campeonato da Europa e agora com a ideia que nos querem vender, de um Campeonato do Mundo de futebol. Ainda por cima, mitigado, porque a parte de leão, vai para Castela e Leão.
É que nesta pátria, ainda não se percebeu que há mais vida para lá daquilo que nos querem vender como óptimo e por isso, dá a ideia de que uns são filhos da Pátria e outros são filhos… de uma loba.
Das palavras aos actos vai um longo caminho, sempre tumultuoso e tortuoso, como se alguns só possam ter direito às sobras.
É que nesta pátria, ainda não se percebeu que há mais vida para lá daquilo que nos querem vender como óptimo e por isso, dá a ideia de que uns são filhos da Pátria e outros são filhos… de uma loba.
Das palavras aos actos vai um longo caminho, sempre tumultuoso e tortuoso, como se alguns só possam ter direito às sobras.
1 comentário:
Acompanho-o na revolta. Com uma lei que obriga a acabar com as barreiras arquitectónicas, já de 1983 - 26 anos! - não é minimamente aceitável que numas instalações do Estado não se tenha ainda tido em consideração. Se fossem submarinos a escorrer umas coisas para as luvas, já estava mais que feito.
Como dizem os italianos: porca miséria!
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