Famílias inteiras estendem-se na coberta do iate, lendo a paisagem ou dando o corpo ao sol. Lânguidos à chegada do lusco-fusco do fim do dia, regressam à cabine e em paz saboreiam os acepipes que o cozinheiro qualificado, recomendou e cozinhou. Uma vida santa, feita de modorra e pachorra. Nesse mar azul-turquesa, Maria Callas aproveitava para recuperar e aveludar a voz e Jacqueline, sentada em sítio próprio, mandou dar uma volta o luto por Keneddy. Onassis, nada tolo, comeu e saboreou das duas e do Egeu.
Lembro-me agora destas histórias, que não acabam aqui, porque chegou o PEC (programa de estabilidade e crescimento) e porque a Grécia, apesar do seu admirável Egeu e das suas belíssimas ilhas, está em bancarrota.
Perguntarão os caros leitores deste simples blog, ao que venho, se a vida é de cada um e é assunto reservado? Bem sei, mas as questões para mim não são tão simples.
Porque gente como Sócrates e Platão, discípulo do primeiro, que privilegiou a rectidão e a humildade, se tivessem adivinhado que gente ai vinha, teriam tomado as devidas cautelas, impedindo a pátria grega, de parir gente assim, completamente inapta, vassala e de um lado só. E por fim, está-me a parecer que a tal família que quase naufragou ao embater nos costados de um rochedo, deve estar a pensar que o tal PEC, lhe está a fazer, só, uma breve e ligeira comichão. Por absurdo e ao arrepio do que disse o grego Sócrates, “conhece-te a ti mesmo”, o Sócrates de cá, nome próprio, só consegue conhecer e conceber como malhar nos fracos, porque o PEC, sobretudo, é grande para os ricos.
Neste momento em que escrevo, fui ver a meteorologia para o Egeu e ela disse-me que o tempo está e vai estar lindo e de temperatura de amêndoa e por isso, estou em crer que não há PEC que lhes afunde o iate. Que sorte que nós não temos.
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