terça-feira, 20 de julho de 2010

CPLP



É no próximo dia 23, em Luanda, a cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Um dos pontos da agenda é a admissão, ou não, da Guiné Equatorial. Continuo ainda sem uma opinião definida, e só conheço por enquanto a posição de três dos oito países: Timor, Cabo Verde e Brasil são favoráveis. Mas há movimentações e petições contra, em vários países lusófonos. Com algumas figuras iminentes da cultura lusófona contra. Entre elas Chico Buarque e Mia Couto. Personalidades que respeito e que continuo a respeitar, tal como as suas opiniões.
A Plataforma Portuguesa das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento (ONGD) é uma das organizações, entre outras, que entregou uma petição aos Chefes de Estado e de Governo. Uma das razões que o documento alega é que me parece um tanto ou quanto falaciosa: “o exponencial aumento das receitas da Guiné não teve como consequência a melhoria das condições de vida das populações, uma vez que a maioria dos rendimentos da venda do petróleo foram ilegalmente distribuídos pela elite dominante”.
Não sei que consideração possa ter por estas declarações, porque, pelos vistos, devem querer convencer-me que os lucros do petróleo e de outras coisas mais, em Angola, são legalmente muito bem distribuídos. Que em Portugal os lucros fabulosos da banca, das EDP’s, das Galp’s são utilizados para a melhoria de vida das populações. Que em Portugal a privatização da água, um bem público, é para melhorar as condições de vida das populações. Que o desemprego, a pobreza extrema, o trabalho precário, a medicina privada não são violações dos direitos humanos.
Se optássemos por ter relações com países que não violem os direitos humanos não teríamos relações com ninguém, muito menos com os Estados Unidos.
Só por isso, e por não gostar de me armar em virgem ofendida, sou bem capaz de defender a entrada da Guiné Equatorial na CPLP.
Mas penso, como já escrevi, que a integração da Guiné pode ser uma mais-valia cultural para a lusofonia. Se considerarmos apenas a questão dos “negócios” nem sequer é um risco: ganham sempre os mesmos, quer a Guiné seja uma ditadura quer seja uma “democracia”.

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