terça-feira, 14 de setembro de 2010

Breves notas sobre o Europeu de Remo


por Augusto Alberto (Texto e fotos)

Li na blogosfera figueirense que em Montemor-o-Velho se realizou o Campeonato da Europa de Remo. Como não deveria saber? Mas este Campeonato Europeu de Remo, teve gente na sua construção, não foi obra do desígnio divino. Foi uma obra material, pensada, montada e executada por pessoas. E aqui é que bate o ponto, porque na esperança de celebrar o fiasco, que dava jeito a uns quantos que parece na vida só saberem usar a marcha atrás, e que para o efeito encomendaram um braçado de foguetes, para fazer explodir após o fracasso, eis que nas vésperas do campeonato muito choveu e os foguetes foram tomados pela água e então não rebentaram e afinal o desejo do fiasco deu lugar, em boa verdade, ao êxito completo.
E até esta minha cidade da Figueira andou de mãos dadas com o êxito. Muitas das centenas de atletas e demais acompanhantes passaram por cá. Alguns campeões olímpicos, sem suspeitarmos. E até o sóbrio e digno jantar das Nações foi realizado nesta minha cidade, no imenso areal, numa tenda montada a preceito, dando a ideia de que nesta minha amada Figueira não há lugar “nobre” para uma coisa destas. Ou como mão reaccionária acaba por celebrar, sem esperar, também o areal da praia da Claridade. Lá esteve, também, bem perto de mim, o nosso Presidente da Câmara, que pelos vistos não foi capaz, não soube ou não pode, dar uma sapatada em tamanha mão e se viu também atirado para o areal, não para ir a banhos, mas para jantar. Apesar de tudo, foi sempre um homem contente.
Pois é verdade, no país que discute até ao tutano as rábulas do mundo trauliteiro do futebol, e admite como boa a possibilidade do técnico da nossa gloriosa selecção nacional de futebol, poder insultar, quando e como, gente que cumpre as suas tarefas, e esperar que tudo continue a fluir sobre rodas, em Montemor-o-Velho, uma das mais importantes modalidades olímpicas, ofereceu momentos de grande beleza desportiva e plástica. Três dias de magia. Mas se a clareza desportiva esteve presente, é de referir que hoje o vizinho concelho de Montemor-o-Velho, com alguma audácia, empenho e sorte, possui um equipamento desportivo de elevada qualidade social, técnica e paisagística. Aquilo que ali nasceu e se concluiu agora, com a recepção da primeira prova FISA no nosso país, quer resposta atenta e persistente. E mais ainda. Tem fundamentalmente os montemorenses um local de eleição para os seus passeios e por isso, será bom que não deixem estragar o que agora se inaugurou.

Da competição propriamente dita, apesar da enormíssima medalha de prata do double-skull peso ligeiro do Nuno e do Pedro, o remo português tem ainda um longo caminho a percorrer. É preciso mais trabalho e fundamentalmente, melhor capacidade emocional, capaz de suportar meses a fio de árduo treino. Essa é a grande variável que tudo decide e o double-skull vice campeão Europeu, percebeu bem isso e vai recolhendo proveito.
Jovem atletas figueirenses contribuíram desportivamente para a formação das várias tripulações nacionais, ainda que em barcos não olímpicos, como o Ricardo Carriço, no dificílimo lugar de voga no shell de 8 com timoneiro peso ligeiro, e o João Gabriel, na posição de proa do mesmo barco, na idade de transição de júnior para sénior, em luta directa com os fortíssimos barcos da Itália e Dinamarca, obtiveram um honroso terceiro lugar. No skiff peso ligeiro, Diogo Pinheiro, um atleta já com alguma experiência, com um bom 8º lugar.
Como seria mais ou menos esperado, a Alemanha foi quem mais êxitos somou e a Grã-Bretanha, foi o único País europeu ausente, apesar da longa aliança, porque alguém soprou que ali haveria fiasco. Enganaram-se! Venha um mundial absoluto, é o meu desejo.

3 comentários:

wholesale Burberry Handbags disse...

Very good article, continue to work, I love it.

HG disse...

Caro Alberto, concordo com algumas ideias, mas cabe-me enquanto conhecedor da causa e da realidade a que se refere que em primeiro lugar dever-se-à referir que:
- Quem desejava mal à realização do campeonato não gosta da modalidade;
-A maioria das pessoas que poderiam transmitir essa ideia, estavam sim mas era contra a direcção da Federação e de alguns elementos da equipa técnica;
- A FPR não deveria utilizar um feito de atletas que havia expulso e que por mérito próprio, conseguiram apurar para Pequim, sem quaisquer apoios logísticos ou financeiros e que desenvolveram todo o seu trabalho fora dos âmbitos federativos e da equipa técnica nacional;
- Devemos dar mérito à actual direcção por ter feito o esforço de trazer o europeu, mas lembrar que a organização e sucesso não se deve a esta, mas que foi um trabalho orientado e preparado pela FISA, segundo o modelo desta Associação e não segundo os modelos que a direcção portuguesa tem habituado todos os que vivem e participam na realidade nacional;
- Todos falam muito, mas agem sempre com o pensamento de utilização da capacidade momentânea do atleta e não na potenciação de um atleta e projecção futura deste e da modalidade, enquanto Homem e enquanto modalidade capaz de promover a actividade física e construir pessoas capazes de levar mais longe o ideal desportista;
- Esta direcção funciona politizada e com vista a interesses próprios e não associativos postergando os verdadeiros valores desportivos em prol de realizações e actuações que possam ir de encontro com o seu desejo e não com o desejo da modalidade;
- O Sucesso do campeonato não é de Montemor, nem da Figueira nem da FISA, nem da FPR, mas do Remo, dos remadores, do desporto;
- A FISA promove o desporto remo e profissionalmente consegue ir levando cada vez mais e melhor o bom nome da modalidade aos 4 cantos, a FPR com esta forma de actuar e distânciação da equipa que faz o desporto em Portugal, separa para reinar e tem vindo a destruir aquilo que o Alberto gosta e que muitos de nós amamos;

Poderia enumerar mais situações, mas como me conhece, ou mais ou menos, sabe que me entusiasmo e poderia ficar aqui horas a desenvolver, mas apenas peço uma coisa, a si, aos leitores e aos elementos da FPR que lerem estas sinceras palavras...Pensem nas crianças que têm à frente, pensem no que querem daqui a 10, 20 anos para elas, pensem na modalidade e permitam que quem pode e quer contribua, porque o afastamento das pessoas mais directamente afectadas e interessadas e a dogmatização de ideais e de protocolos apenas está a fazer uma coisa, a destruir a modalidade e a afastar potenciais optimos líderes de funções que estariam naturalmente apontados para.
Deixo aqui estas breves palavras de apreço e de consideração pois estou certo que poderá levá-las a quem as deve ouvir e sobre elas ponderar-ou não.

Abraço e muitos sucessos desportivos e pessoais, sempre em prol do Remo e do desporto em Geral, mas dos atletas-Homens- em particular.

Heráclito(Betinho)

Zéfoz disse...

Apenas me vou pronunciar como amante deste belo desporto porque nunca fui remador. Mas tenho duas pessoas na família atletas do Ginásio Figueirense a praticar a modalidade.
Conforme diz o 1º comentador, o artigo do Augusto Alberto é muito bom, como é, aliás, seu apanágio, até porque o texto é o resultado directo dos seus conhecimentos que faz dele um bom e exigente treinador.
O seu amor pelo remo e bem assim a do comentador HG, cujo texto revela também ser um profundo conhecedor de toda a sua envolvente, apontando erros mas também equacionado soluções para dinamizar e salvar a modalidade, é o que faz falta a muitos dirigentes que se servem ou estão no desporto somente por interesses pessoais, quiçá políticos, como infelizmente acontece noutra àreas um pouco por todo o País.
No gosto que se conseguir agora incutir às gerações futuras pelo remo, estará, obviamente, a sua sobrevivência e a garantia de criar novos atletas que com o seu desempenho e dedicação representem condignamente o País.
Continua, Alberto, o teu belo trabalho.
Abraço.