quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O campo da morte lenta (5)

"Quando entrei no Campo do Tarrafal ainda havia muitos presos de outros processos anteriores ao meu. Lá encontrei figuras políticas de que apenas sabia o nome e seus feitos. Estavam o António Jacinto, o Luandino Vieira, o António Cardoso, o Mendes de Carvalho, o Noé Saúde, o Armando Ferreira, o Armindo Fortes, o Pacavira, o Olim, mas, igualmente, presos ligados à UPA e à UNITA. Criei por todos eles um enorme carinho e uma incontida estima, sentimentos que ultrapassam e fazem desvanecer as diferenças artificiais que a política geralmente engendra. Sofremos juntos as agruras do isolamento, da falta de conforto, da ansiedade e da incerteza."

"Seria até contraditório os portugueses, fascistas e colonialistas, contemplarem os seus odiados adversários políticos com férias não pagas numa espécie de jardim celestial… Isso é o que quis fazer parecer o pide (ou o observador da Cruz Vermelha) que o meu amigo José Vicente Lopes referiu no seu livro. Um livro que vou ter que ler, já porque fui dos lhe prestou depoimento. E fi-lo, como me é habitual, com toda a honestidade e isenção."
Justino Pinto de Andrade

2 comentários:

Olímpio disse...

Divulgar estes crimes é um dever de cidadania.Quando o meu neto entender vou falar-lhe dos crimes do Salazarismo

Fernando Samuel disse...

Excelente - e elucidativo - depoiamento.

Um abraço.