Hoje venho convidar-vos a clicar no site do jornal Granma, e ter a paciência de ler as conclusões da Assembleia Nacional de Cuba, e sobretudo o discurso de Raul de Castro, realizada no dia 18/12/2010, relativas às mudanças estruturais que vão ocorrer na ilha. Antecipando, deixo a singela frase de Raul: - “eu não fui eleito Presidente de Cuba para restaurar o capitalismo...” Esta é a melhor resposta à grande noticia do telejornal da RTP, do dia 5 de Janeiro deste ano de 2011, que levou José Rodrigues dos Santos a esganiçar ainda mais a voz e ufano anunciar: - “o regime Comunista de Cuba vai despedir 1 milhão de funcionários”. E a voz feminina de suporte à peça, ainda acrescentou, 1 milhão e duzentos mil. E o jornal da manhã, no café, em papel, de 6/1, já só falou 500 mil. Estamos conversados. Esta gente quando está verdadeiramente apertada, embebeda-se no anticomunismo e insiste no facto de que uma mentira repetida muitas vezes, à boa maneira fascista alemã, passa a ser verdade. Desse modo, a mentira, já a ouvi e li, várias vezes, nos mesmos lugares e ouvirei e lerei ainda mais, sempre que a cambada ache útil dar guita ao papagaio, como é usual.
Mas relativamente à questão, quero aqui dizer o seguinte. Em nenhum outro lugar os dirigentes de um país falam tão verdade como os dirigentes cubanos. Em nenhum lado uma alteração tão profunda, é tão discutida como Cuba o faz. Esta discussão começou no longínquo ano de 2002 e cruzou milhares de cubanos. Lida, chegaremos à conclusão de que nenhum Cubano vai passar à desgraça, ter de juntar os cacarecos e ir abrir o papelão debaixo das arcadas do teatro Nacional de Ópera, como sucede a muito capitalista cidadão. Que o processo de reestruturação é complexo e vai demorar 5 anos, tempo suficiente para que tudo fique em seu sítio, e que por isso, não é um qualquer trampolineiro que vai já carregar no botão e logo temos 1 milhão de almas na desgraça. Essas coisas fizeram e fazem-se aqui, na Rhode, na yasacsaltano, e em outras grandes empresas, sem que os espertos sejam caçados. E a boa sanidade política e social recusa que se atire à sorte 1 milhão de pessoas, 1/4 da força activa, de uma penada, sem que quem mandou, não venha a sofrer as consequências. Por isso, faz todo o sentido a conversa do povo com Raúl.
Mas se eu tivesse a sorte de ser um grande jornalista, desafiava-me, por exemplo, a conversar com os habitantes que bordejam a antiga linha da Lousã e ramal de Serpins, terras do meu distrito, para saber se as populações foram ouvidas a propósito da desconsideração, prepotência, incompetência, verdadeira tragédia e comédia, que se abate, hoje, sobre o putativo metro de superfície que haverá de substituir a vestuta linha da Lousã. Sabe-se que os dinheiros públicos gastos, foram para nada, mais uma vez, que a mui nobre cidade de Coimbra, viu sítios desmembrados, que os carris e as sulipas da linha foram levantados, os taludes de suporte em construção foram parados e que as populações têm agora, uma mão cheia de nada, ao cabo de mais de 100 anos de comboios. Coisas assim são de Salazar e, por isso, parece que o único modo de conversa, nesta matéria, ao contrário de Cuba, é a arruaça.
E por fim, não me deixaria escandalizar se alguém identificasse os nossos brilhantes dirigentes, como se identificam os bois: pelos nomes. E após, ia até Cuba, para ver como as coisas se fazem, e deixar nos hotéis alguns pesos, para ajudar os cubanos, que muito admiro.
2 comentários:
É de ferrovia que venho falar e com provas, não com conversa fiada. A ferrovia, metro ou comboio convencional, é o meio de transporte de massas e mercadorias mais económico e ecológico.
Como demonstração ficam 2 notícias recentes. Uma diz-nos que o ramal que liga a linha do Norte ao porto de Aveiro, nos primeiros 3 meses de funcionamento, tirou da estrada mais de 6.000 camiões. Outra, desta semana, diz-nos que a mesma linha permitiu que mercadorias provenientes de Inglaterra fossem entregues em Madrid.
Arrancar ou encerrar via férrea é crime económico e ambiental.
Este ano mais de 50 milhões de crianças de todo o mundo irão morrer de fome, doença e outras causas evitáveis, mas não serão Cubanas.
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