Apesar de andar por longe ainda cheguei a tempo de dar sentido ao meu voto. Votei Francisco Lopes porque faz cada vez mais sentido a ruptura e a mudança. O meu candidato falou claramente dessa necessidade mas os situacionistas, como convém, omitiram o facto. Nada de novo, como velho foi o resultado final. Então o que sucedeu?
O que sucedeu é que o povo se entregou a quem o vai continuar a roubar, porque parece não perceber que enquanto não utilizar a pequena hipótese que o jogo viciado lhe permite sairá sempre a perder. Esse jogo viciado, bem urdido, defende-se com uma estratégia montada em duas linhas paralelas, muito claras como a água que corre cristalina pela montanha.
Uma das linhas vai para a total mobilização do conjunto das famílias que formam a corte dos marajás que hoje detêm o poder económico, político, judicial e administrativo. Neste último caso com expressão eleitoral acima dos 2 milhões de almas. A outra, paralela, vai na estratégia de empurrar para o conformismo e o desânimo milhões de portugueses, trabalhada a ideia de que não vale a pena votar porque já se sabe quem vai ganhar. Ou porque as coisas não mudam. Ou mais grave, para quê votar se são todos iguais?
Dando corpo a estas duas linhas, a abstenção, os votos brancos e nulos rondaram os 60% da totalidade dos votos a expressar sem incomodar os marajás, claro está.
Vistas as coisas de modo rápido, bastava que 3% destes cidadãos votassem num dos outros 5 candidatos para que houvesse uma segunda volta. E, então, quem sabe, as coisas começassem a distender.
Acontece que a teoria do desânimo e do conformismo caiu no prato como sopa no mel e, claro, a corte de marajás que urde a estratégia acertou em pleno no alvo. Por isso, não se queixem esses milhões de portugueses levados pelo conto do vigário, porque será sobre eles que cairão os sacrifícios, enquanto cairá o mel na sopa dos marajás, que é como quem diz, os euros nas contas. Quem se borrifar para a pequena possibilidade do voto, terá de saber que é neste mundo que tudo se paga.
Outro belo exemplo da teoria que aqui defendo tem expressão nas decisões tomadas em concertação social, completamente a propósito logo após o acto eleitoral. Ou seja, a nossa insossa ministra do Trabalho explicou-nos que as condições de indemenização por afastamento do posto de trabalho vão ficar em linha com o que se faz em Espanha. Muito bem. Para ser sincera e coerente deveria ter dito: primeiro, pague-se como em Espanha. Mas como a coerência nesta matéria não é uma conta corrente, falta ainda dizer que estas novas regras se vão aplicar, inteirinhas, ao povo,que trabalha aos dias e que acha que não vale a pena votar porque... se sabe quem vai ganhar e porque são todos iguais.
Eu sei bem que está dificil mas nada como tentar e por isso, quero desde já agradecer o modo como o meu candidato colocou as questões bem no centro da verdade. É pena que os preconceitos continuem a fazer mossa e escola e obliterem quem precisa com toda a urgência da ruptura e da mudança. Cá por mim, estou bem, e até gozo, quando noto que o Partido Socialista foi quase varrido dos comentários na TV., excepção ao pequeno do António Vitorino, sempre sorridente, porque a um avençado do regime tanto lhe faz, porque o importante, é que viva o regime.
Do mesmo modo tanto faz ao dr. Correira de Campos, que sacou do pistolão e deu em cheio no Alegre. E também ao dr. soares, coirão velho, que serviu ao seu anterior companheiro de estrada a vingança de modo frio, como se para ele a fome e a graça de uma rasteira possam caber no mesmo voto. Por tudo isto, se a Direita sabe o que quer, compreenda-se que o Partido Socialista também não é de confiança. Cairá de maduro, depois de ter executado a preceito as tarefas que competem à direita.
Sem espinhas.
3 comentários:
Tudo muito bem.
Mas a culpa dessa mudança apregoada e não realizada será de quem?
Do Povo que para alguns continua a ser ignorante?
Dos marajás, que mentem ao Povo?
Ou antes do Francisco Lopes e partido/coligação que o apoiou, que em toda a campanha nada de novo mostrou?
Os mesmos discursos, as mesmas ideias e pensamentos e na derrota, o mesmo discurso de vitória.
Sonho e ilusão é o que os apoiantes do pcp vivem.
Quando um dia encararem a realidade, se virarem verdadeiramente para o Povo e respeitem o resultado dos actos eleitorais deixando de ser demagogos, talvez tenham o meu voto.
Quando o Povo se abstém tanto penaliza o grande como o pequeno partido e se o faz é porque não acredita em nenhum deles.
O que faz o pcp para inverter isso?
Sem espinhas, de facto.
( e aí está o anónimo de serviço a fazer o serviço...)
Um abraço.
É curioso!... após o acto eleitoral presidencial, apareceram pelos blogs apoiantes da candidatura dos trabalhadores, que o mesmo é dizer de Francisco Lopes, umas "chispas" e uns anónimos com o mesmo tipo de comentários. Onde é que nós já vimos este filme?...
Um abraço
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