Augusto Alberto
A propósito do narcotráfico dei comigo a ler uma notícia, mais uma, que regista um continuado de mortes na cidade mexicana de Juarez, fronteira da cidade americana de El Paso. Franqueio a notícia que diz que 3 jovens americanos, estudantes, foram abruptamente e indelicadamente assassinados a tiro, sem motivo aparente, quando miravam automóveis num stand. Assim, sem mais nem menos. Depois o desenvolvimento da notícia ainda nos diz que só no mês de Janeiro deste ano de 2011, cerca de 300 pessoas já foram assassinadas nessa cidade mexicana.
Mas falando de assassinatos, assim a frio, pelo mundo, nestes tempos de ressacas, os números quase que dão uma dimensão de homogeneidade. Cerca de 300, como se diz, abatidos pelo narcotráfico em Juarez. 300, número redondo, na Tunísia, pelo regime, agora parece que opressor e miserável, mas há cerca de três décadas, alinhado pela social-democracia, ou socialismo em liberdade, ou socialismo de rosto humano. E mais cerca de 300, no Egipto, pelo regime, agora parece que opressor e miserável, mas há cerca de três décadas, alinhado pela social-democracia, ou socialismo em liberdade, ou socialismo de rosto humano. É à escolha.
Ao correr da noticia, ainda leio um comentário que amavelmente nos convida a uma visita ao blog, que aconselho a descobrir e que dá pelo nome de “el blog del narco”. Se quiserem perder um pouco de tempo e se não tiverem mal de estômago, aconselho-vos à viagem. Nesse instante perceberão as vantagens de Cuba ter um pedaço de mar que a separa do México e Estados Unidos. E também ainda bem que o majestoso Atlântico mais um pedaço da Europa a separa dos regimes do norte de África, como da Tunísia e do Egipto, onde paira um ditador, antes social-democrata, ou do socialismo de rosto humano ou do socialismo em liberdade, que durante dezenas de anos se empanturrou de máquinas de guerra, cedidas pelo amigo americano e ainda teve tempo para ceder ao Berlusconi, uma “sobrinha”, com uma soberba pele de amêndoa, para alegrar as suas noites de borga e emprestar um iate ao 1º ministro Francês Fillon, para umas sortidas ao rio Nilo. Chegados aqui, estamos pois perante a insuportável e insustentável leveza do ser, do ter e do haver.
Não tivessem os tunisinos e os egípcios, para já, vindo à rua e não haveria razão para enganos de maior.
Por isso, façam o favor de não soletrar mais as palavras, democracia e ditadura.
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