Augusto Alberto
Se um Farinãs resolve fazer uma greve de fome e se recusa a ser tratado e alimentado, logo o logro aparece em todo o resplendor. O regime castrista é uma nódoa, os Castros uns dinossauros, e o socialismo uma coisa repulsiva que só consegue viver pela força.
Mas se trabalhadores dão ao corpo ares de arte, contra a empresa que depois de pança cheia, resolve levantar toda a linha de produção e partir para outras partes, isso não é democracia, é comédia. Porque democracia é a possibilidade que cabe à ABB, uma multinacional com milhares de funcionários em todo o mundo, decidir suprimir a fábrica que nos últimos três anos facturou mais de 30 milhões de euros, porque acha que pode partir para outra parte do mundo onde há novos pretos capazes de multiplicarem a facturação para 60 milhões.
Esqueçam tudo sobre estabilidade familiar e social e aprendam a penar, porque hoje está a ser elevada à categoria de arte. Para quem não sabe, a extraordinária ABB, foi a empresa encarregue de desnacionalizar o nosso aparelho produtivo, para a seguir encerrar essas empresas e tornar-nos, nessas áreas, dependentes das sua próprias empresas no exterior. Quem sabe bem disso é a canalha que hoje mora em Belém e ri em S. Bento.
Saibamos então, que a ABB não perde os bons vícios. Mas mais, se uns tipos se juntarem em Madrid, Barcelona ou Lisboa, para uma arruaça, não é democracia. Democracia é aguentar sem tugir e mugir, em vez de nos juntarmos e sermos infiltrados pela polícia, empurrados à força de cacete e do músculo e até pelos carros da ordem. Mas se a arruaça se confundir com a agonia do capital especulativo, como na Grécia, dir-se-á que horror.
Afinal a Grécia é uma democracia, porque foi governada em rotatividade, ora pelo Partido Socialista ora pela Nova Democracia, que agora estão a apresentar a rotativa factura. O que querem? Não foi assim que os Gregos decidiram? Sem dúvida, até ao dia em que no meio da tragédia grega, um figurante observou, como nunca antes – O nosso drama é que durante 30/40 anos andamos a votar erradamente. Tarde, claro está.
E agora?
Pois agora estamos a pagar a factura de considerar, desde 1990, como mau tudo o que o socialismo construiu e ajudou a construir. Os vencedores tomaram o freio nos dentes, continuam em processo de limpeza e se pensam que vão parar, desenganem-se. O ajuste de contas será até ao levantar da pele. Em breve saberemos como vai ser contado o escalpe à portuguesa. Se em forma de escárnio e mal dizer, literatura de cordel ou revista à portuguesa?
Contudo, aconselho desde já que não se deposite demasiada esperança na virgem, porque sabemos de fonte segura, que a senhora nunca deu vista a quem é cego, audição a quem é surdo e voz a quem é mudo.
Cuidado Castro, olha que esta democracia, de virgem ofendida, é uma manta curta.
Sem comentários:
Enviar um comentário