Flor Pedroso, editora de política da Antena 1, fez recentemente uma entrevista, que merece meditação, a um dos principais gurus da política portuguesa, Rui Machete. Machete é um celebrado homem de direita, com passagem por altos cargos; - ministro, administrador do banco de Portugal e depois ainda, presidente da fundação luso-americana, de onde saiu com péssima avaliação por parte do embaixador americano.
De entre as celebradas vulgaridades, disse que o P.C.P. tem gente meritória e que possui uma força de rua incomparavelmente superior à sua influência democrática, ou seja, à sua expressão na Assembleia da República, pelo que nestes tempos de dificuldades, eu que nesta matéria não sou tão elevado, digo fome, seria muito útil que o P.C.P. fosse capaz de controlar a rua.
Evidentemente que esta entrevista foi a pedido e coube a Machete fazer o frete e ser a voz do dono e, por isso, deverá suscitar os seguintes comentários. Quem sempre controlou eleitoralmente as massas e os seus movimentos, foi o partido socialista mais a sua correia de transmissão, a UGT. Mas agora que o partido socialista esta arrumadinho no lado direito do capital e com reduzida capacidade para continuar a endrominar, o Bloco de Esquerda colocado em fim de estação, após ter cumprido a sua tarefa táctica de não permitir o crescimento eleitoral do PCP, sem se ver no horizonte um novo Otelo, uma nova Pintasilgo, um PRD e mais um Alegre, a direita vem confessar que tem medo da rua e já imagina as barbas a arder.
Então, neste entremezzo, enquanto não ajeitam um novo truque, sugeriu Machete, que o P.C.P. se domestique e alivie a luta de rua e de classes. Este patético apelo de um homem que contribuiu de modo seríssimo para este descalabro, de um comunista só poderá ter a seguinte resposta: gostem ou não os polidos homens da direita, a guerra também se fará nas ruas, e sem dúvida, com consequências. E não vale a pena tentarem tácticas adoçantes, inclusive por dentro, para amolecer os comunistas. Já foram tentadas e deram no que deram. Num Partido demasiado incómodo, ao contrário do desejado. Por isso, apetece-me terminar, dedilhando aquela frase já muito batida: - “assim se vê a força do PC”.
De qualquer modo, dr. Rui Machete, tenha certeza de que faremos tudo para que o seu belo automóvel não seja molestado.
Cartoon de F. Campos
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