Augusto Alberto
Alguém me disse que se está a preparar uma nova saga das aventuras de Robin dos Bosques. Desta feita, santa glória, os artistas são maioritariamente portugueses e a fita será rodada nos velhinhos estúdios da Tobis, altar sagrado do cinema português. Parece que Cavaco Silva está em delírio, não por ter sido dada a honra de rodar o filme nos estúdios da Tobis, ao Lumiar, mas porque lhe agrada sobretudo uma cena, muito a seu gosto, que se diz capital e muito moderna. A do xerife de Nottingham, refastelado nos seus aposentos, a fazer a leitura do “ O Capital”, para melhor perceber como um pulha pode roubar melhor os pobres para dar aos ricos.
Eu que estava a pensar nessa possibilidade, ocorreu-me que em Braga as coisas aconteceram, durante três longos dias, mais ao menos como o guião do filme.
Uma sequela em que o novo xerife “socialista”, mais os acólitos, a boiada e os basbaques enredados na esperança de um partido novo, ou como disse o Alegre, sujeito sem músculo e incapaz de fazer o papel do rebenta cabeças do João Pequeno, que não seja visto como o 3º partido da direita portuguesa, estiveram de novo reunidos. E nas milongas de esquerda, a ensaiar o já visto roubo aos pobres em favor dos ricos.
E para que tudo fosse como o espírito da história, nem faltou por ali, vejam só, uma linda e apaixonada Maria de Belém, na pele da muitíssimo feminina e fraca donzela Marian, sempre muito indecisa entre o amor ao Robin dos pobres e o fausto do Xerife. Foi, sem dúvida, um santo e augusto conclave.
Vistas as coisas assim, digo-vos que, em termos absolutos e reais, a democracia a que se assiste, é sem dúvida o melhor modo de proteger e enriquecer os ricos, desprotegendo e empobrecendo simultaneamente os pobres. E para que tudo decorra segundo as necessidades, só falta dizer que o anticomunismo é o seu sal e a sua pimenta.
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