sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Nada!

Augusto Alberto

O promissor deputado socialista, Pedro Nuno Santos, encantado pelo socialismo em liberdade, ou de rosto humano, e embalado pelas festas da natividade, arremeteu contra os bancos alemães e franceses e a dívida, e concluiu: “não pagamos!” Não caiu o Carmo e a Trindade, porque para todos os efeitos, aquilo foi só teatrinho, porque ele é um dos deles, para além de quem borrega assim, em frente ao presépio, está respaldado por burrinhos e camelos. Fosse um perigoso esquerdista, outras reacções cantariam. De todo o modo, dito as coisas assim, porque quem assinou a coisa com os “três do roubo airado”, sugere, já sem a mínima dúvida, o imaculado reconhecimento de que viajamos num comboio sem freio, que em breve descarrilará, fazendo muitos mortos e feridos à mistura.
Calcula-se que, de um patriota e perigoso esquerdista, é sempre de esperar que saia coisa fina e por isso, quero dar nota de uma importante decisão tomada em 2006, pelo presidente eleito do Equador, um dos mais pobres países da América Latina, Rafael Correa. Avancemos para uma auditoria oficial à dívida do estado, porque, “a minha única dívida é para com as pessoas”. Apesar de se deparar com constantes resistências, em 2008, a auditoria apurou danos incalculáveis. Empréstimos ilegais e extorsionários, que tinham sangrado os recursos do país. Até a revista The Economist, apelidou Correa de “incorruptível”. O que o Presidente Correa disse, em alto e bom som, foi: “pague-se o que é legitimo pagar, e quanto ao resto, que apontem no tecto”.
O encantado jovem deputado, deveria, se a coragem chegasse a tanto, sugerir algo semelhante em vez do teatro, que não chega para apagar os crimes dos comparsas. E eu e você, aqui estamos para ver qual vai ser a cobertura que a nossa independente imprensa, falada e escrita, dará à conferência internacional, a realizar em Lisboa, hoje, sábado, exactamente sobre a problemática da auditoria às dívidas soberanas. Como diz e muito bem um activista irlandês: - se as dívidas são “nossas”, então o mínimo que podemos querer, é saber o que estamos a pagar.
Mas como a nossa imprensa não é trôpega nem vesga, e não treme das pernas por tão pouco, dirá da conferência, o que interessará à corja do casino. Nada!

1 comentário:

gina henrique disse...

Infelizmente para o PS ( e por arrastamento para todos nós ),o deputado socialista Pedro Nuno Santos é um caso raro pois é um dos poucos dentro do partido que consegue ver e dizer que" o Rei vai nu"! Não irá muito para além disto mas para o PS já será considerável!!!