por Augusto Alberto
Pode a ingenuidade ser santa? Pode, sim senhor. O padre
Fernando Lugo, mais os apaniguados, cuidaram que sendo “democraticamente”
eleito Presidente da República um padre, a democracia tornar-se-ia santa. Não
foi preciso muito tempo para perceberem que, quando as hienas saem ao caminho,
o mais certo é calarem a esperança e os sinos. Aliás, será bom que se diga que
qualquer mudança em favor dos que nada ou pouco têm, exige um amplo movimento
popular, sim senhor, mas também uma força politica, séria, estruturada e
consequente.
Aproveitar uma escassa brecha e tomar o poder, pode, a
custo, ser possível, mas mantê-lo é tarefa ciclópica. Quem perdeu poder e
privilégios, mandará, lesto, as hienas ao trabalho de sabotar as boas
intenções. E por isso, tal como nas Honduras, abaixo os “abusos” e ao poder o
“preto” que o império pintou, porque o padre Lugo, mais os seus pares, são uns
ingénuos, que quase sem força, cedem a pior sorte para os pobres, porque
cuidaram que com hóstias e homilias sobre a paz e o amor, a coisa se
resolveria.
E já agora, vejam como esta magnífica democracia é
tentacular. Rodrigo Rato, economista de um tentáculo só, que deu lições de
economia, ministro das finanças de Aznar, um (protofascista), que bem o
qualificaste Fidel, acolitado por gestores do mesmo quilate, colocou o banco
Bankia na falência. E agora digam-me uma coisa. Podem Rodrigo Rato e os pares
serem vítimas de um processo de impedimento e posterior julgamento por danos
materiais e morais? Não, não pode. Por razões de incompetência e comportamento
desviante, à luz desta democracia vigente, só gente como o padre Lugo, que por
uma vez se colocou ao lado dos que nada têm, pode ser impedido e arriado, nem
que seja a cacete. Rodrigo Rato fará comer o pão que o diabo amassou a muitos espanhóis,
enquanto dará nos salões magníficos e aquecidos da “democracia”, tal como
Blair, Aznar ou Clinton, aulas e conferências sobre democracia, economia e
geoestratégia e sobretudo, como emprenhar de euros os bancos à custa do roubo
do pão dos pobres. Um bom filho da puta nunca poderá sentir os pés frios, a não
ser que o enviem em definitivo para onde tem de ir. Pró caralho!
Ai Lugo, Lugo, que ingénuo me saíste.
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