sábado, 15 de setembro de 2012

Histórias paraolímpicas (II)


Augusto Alberto

Ícones  II

 Pistorius com as suas pernas em mola, passeou pela pista como um ícone. Tinha estado nos Jogos Olímpicos após uma longa batalha jurídica, ganha como convêm a um ícone. E chegou ao Olimpo do desporto adaptado, como incontestado. Ainda abanou, mas não caiu. Nas duas primeiras batalhas individuais, perdeu. Desbancado, primeiro nos 200 metros, por um soberbo brasileiro, também com as suas duas pernas em mola. Depois, no 100 metros, por um britânico e mais dois. Pistorius nem sequer ao pódio subiu. Mas o ícone Pistorius não desistiu. Esperou pelo seu momento. Nos 400 metros individuais, ganhou sem mácula e a mínima dúvida. O estádio fez o que faz sempre a um ícone. Aplaude e rejubila. Pistorius, após a sua majestática vitória, deu uma volta pelo estádio e porque conhece bem a sinopse dos afectos, deu-se às palmas, às tapinhas nas mãos, aos beijos, muitos beijos e adeus que aqui me vou como uma estátua.
Tom Aggar foi, sublinho, um ícone do remo adaptado britânico e mundial. Gerou paixões. Tantas que após ser campeão paraolimpico em Pequim/ 2008, desde então, nunca perdera uma competição. Anunciava-se Tom Aggar e logo o grito. G.B…G.B…Mas na última, Tom Aggar não resistiu à pressão e aos adversários e no local dos locais e na regata das regatas, Tom ficou fora das medalhas. Com espanto, 5.000 Britânicos, clamaram em perda, OOH…ooh…Tom Aggar acabou com braços de barro, pois foi com eles com que remou.
Pode a glória ser efémera? Pode um ícone mudar para pés, pernas ou braços de barro? Pode sim senhor, e tornar-se um cidadão normal como o comum dos mortais.
E você, caro cidadão, já se interrogou de que barro também é feito? Ainda não? Pois então é boa altura para se interrogar, porque me quer parecer que o barro de que é feito, se está a escavacar. Se admite que o melhor será não pensar na condição do seu barro, engana-se. Nunca diga, pois, que ninguém o avisou. Por isso, será bom que reaja antes que o barro de que é feito dê em cacos. Mas atenção, se continua a acreditar que uns tipos ladinos possuem uma cola mágica que pode, em caso de queda, colar os cacos em que se tornou, e dar-lhe, mais uma vez, alguma forma, vai mais uma vez ao engano. Não acredite! Diga antes, vá de retro a quem por ai se apresentar. Seguro ou Marcelo, tanto faz. Acredite antes neste seu amigo, que viu ao vivo, um ícone acabar em cacos.

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