segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A peste


Augusto Alberto

 Dos Estados Unidos conhecemos pouco e receio que muitos americanos vivam obliterados e tenham da união a promessa de uma terra de sonhos e pouco mais. Em tempos, numa frase lúcida, disse Frank Zappa:  O governo é o entretenimento do complexo politico-militar. Adequadíssimo!
Contudo, de momento, um nó sufoca a união e sobretudo, o Estado do Michigan e a sua principal cidade, Detroit. Uma viagem pela cidade, mostra bairros nus, como se uma peste por ali tivesse passado. Centenas de chalets completamente arruinados, que por serem construídos em madeira, alguns, assemelham-se a construção de pau a pique. Mantêm-se as pessoas, que por uma outra razão não tiveram possibilidade de partir, ou por serem demasiado velhos. Para agravar as condições, a própria polícia decidiu acabar com a vigilância por falta de dinheiro, quadros e meios. Contou uma idosa, que está em condições de ser incomodada por um qualquer rufião, e a quem os vários seguros pessoais já nada valem.

E como o desinvestimento é endémico, a própria autarquia, pelas mesmíssimas razões, colocou fim, também, a alguns serviços. O capitalismo está doente. E na situação limite, a tendência é para fazer o aperto, no que toca às relações laborais. Nesse sentido, há bem pouco tempo, o senado do estado deu um passo atrás e aprovou legislação que deixa os trabalhadores ainda mais perto da boca do lobo. No dia da votação, foi o cabo dos trabalhos. Às reacções, a polícia atirou-se aos trabalhadores, como cão a bofe, que foi para isso que foi treinada, em democracia. Detroit prova com toda a evidência que menos estado e melhor estado é uma grosseira mentira e que as greves e demais lutas, nos Estados Unidos, contrariam a informação sistémica de tudo corre como o previsto. É preciso manter a reserva de que a oeste tudo vai bem e que é a leste que reina o caos. Não falar das equimoses, cuidar das aparências e desviar a atenção dos cidadãos convencidos das vantagens do capitalismo, para a doença e morte de Chaves. A velhice e morte de Fidel. As patéticas revoluções de veludo ou laranja. As revoluções árabes, que acabaram com estados laicos, para dar lugar a sítios obsoletos, perigosos e fantasmagóricos, que reduzirão a pó, inclusive, as comunidades católicas, as primeiras vitimas das colossais cruzadas, petroleiras, apostólicas e romanas.
Ma antes que chegue o asteróide que colidirá com a terra e a transformará em poalha, chegará um sistema, chame-se o que se quiser, que vai superar o capitalismo, ainda que por ora, o grande capital leve vantagem.

     Nota: Para melhor compreensão do fim do sonho, aceitem a sugestão de ler o primeiro livro de Philipp Meier, Ferrugem Americana / Bertrand.

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