segunda-feira, 11 de março de 2013

O conselheiro Borges e o salário mínimo


Augusto Alberto



Vai boa a discussão acerca do salário mínimo. Há quem diga que foi um erro do nosso primeiro. Mas há também quem diga que é a assunção plena de um conceito ideológico. Eu digo que estamos perante as delícias da rambóia capitalista. O que sabemos, de fonte segura, é que os custos do trabalho representam cerca de 30% do custo final da obra. E que esses custos, para gáudio, têm vindo a diminuir. Trabalha-se mais por menos dinheiro e o que se ganha, não chega para as despesas mensais. O que mais querem? Sabemos contudo, que existem outros custos, que se podem baixar a favor das empresas, como os da electricidade. Mas como fazer baixar os lucros do Mexia, dos delfins, mais os dos chineses? Dos combustíveis. E os lucros do Faria e do Amorim? E os lucros privados da água, sacados num bem público? Uma panóplia, impossível de alterar, porque a lógica da acumulação do capital, supera qualquer veleidade de respeito social.
E depois, nesta estória, também estão os que acham que um escarmentado truque, o eleva à dimensão de verdade. O Partido Socialista assaltou o nosso primeiro, com o aumento do salário mínimo, ao ponto de lhe fazer destrambelhar o pensamento e arrefinfar o cenho. Aparentemente, a grandeza vai-lhe na alma, só que a estória está escrita e revela que os factos não vão além de truque. No dia 7 de Março ultimo o Partido Socialista tentou forcejar o nosso primeiro, contudo, no dia 5 de Janeiro, a direita e o Partido Socialista, na votação do projecto de resolução n.º 551/XII, aumento do salário mínimo nacional (PCP), tomaram a seguinte posição: Rejeitado, com votos contra do PSD e do CDS-PP, votos a favor do PCP, do BE e de Os Verdes e a abstenção do PS.
Alto lá! Do truque à verdade há um espaço que nem a escarmenta consegue maquilhar. Baixe-se, contudo, os multiplicos factores de produção, como defendem os comunistas, e logo se poderá aumentar o salário do trabalhador, como se deseja, sem aumentar o custo final da obra.
Mas como a lógica capitalista é contraditória, é necessário, isso sim, manter ou diminuir o salário, para que se verifique maior acumulação de capital. Por isso, cidadão, que ganha o salário que já não dá, nem para o pão nem para a habitação, pode estar a um passo, se continuar a acreditar em melopeias, de engrossar o grupo dos que já dormem no cartão. Por higiene intelectual e cívica, mude de canal quando fala o conselheiro Acácio.
E a Passos e Seguro, dê-lhes um piparote eleitoral.

2 comentários:

Anónimo disse...

Dentro da logica capitalista o trabalhador cede a sua força de trabalho a troco de um determinado valor Dentro da mesma logica o trabalhador para prestar essa força de trabalho tens despesas inerentes a esta condição como seja as despesas com os transportes para o local de trabalho, com uma alimentação adequada para poder estar em condoções assim como as despesas com a saude, bem como as despesaas que decorrem da sua condição de trabalhador dentro da respectiva sociedade como seja a segurança social e os impostos. Portanto o salario do trabalhador tem que satisfazer um determinado valor de despesas decorrentes da usa situação de assalariado bem como o incentivo para continuar a exercer essa actividade ou seja também tem direito à mais valia de que decorre da sua função como seja a de poder manter uma familia, uma casa com o minimo de dignidade, etc. Só nesta logica capitalista é que é honesto discutir o salario. Se para o patronato é uma parte da despesa decorrente da sua actividade e portanto passivel de dedução , para o trabalhador é fim ultimo para o qual exerce a sua actividade e portanto passivel de valorização. Na dualidade destas duas situações resta portanto a função em si, ou seja qual o valor do trabalho dentro da lógica capitalista e esta sim é averdadeira questão - o trabalho continua a ser e será sempre o unico factor de criação de riqueza na logica capitalista, pois é das mais valias que o capital extrai a riqueza que advem do valor final do produto deduzindo das despesas da sua produção. Ao procurar baixar os salarios quer uamentando o numero de horas detrabalho pelo mesmo salario, quer desvalorizando o valor hora do trabalho quer deslocalizando a produção para paises de baixo salarios o que o capital pretende é aumentar a sua riqueza aumentando as mais valias inerentes á baixa dos salarios. se fosse como dizem para se tornarem mais competitivos a globalização da economia tinha levado a uma queda generalizada dos preços dos produtos o que se não etm verificado ( a Apple tornou-se na maior companhia do mundo ao deslocalizar a sua produção para a China mantendo o preço dos produtos produzidos nos valores elevados que têm - não vendeu mais mas sim teve um aumento substancial das mais valias) Isto sim é a verdadeira logica capitalista, não os ideais de um mercado livre e concorrencial

Rui Romão disse...

Amigo Augusto Alberto, dou-lhe toda a razão, só que infelizmente a "malta" só gosta é de bola e o "conselheiro Acácio" sabe muito bem disso. Como diz a canção "demagogia feita à maneira, é como queijo numa ratoeira". Um abraço