Augusto Alberto
A
“queda do muro” sempre me pareceu a vitória de um modelo, que esticou o freio e
partiu a galope. Contudo, gente dada ao oportunismo disse-me que, pelo
contrário, se tratou da vitória das liberdades, sobre a ditadura. Nunca me
convenci e nem traio, por mais dor que a história traga. Mas hoje, pessoas com
quem partilho a desgraça, aceitam sem dificuldade o meu convencimento e sentem
que o murro “democrático”, tem pai, é a Goldamn Sachs, e faz doer.
Com
efeito, os vencedores presentearam-nos com dirigentes insanos e ignaros, como
Bush filho, que recoletou, para aventuras sangrentas, percevejos como Blair,
Aznar e Barroso. Depois destes, que entretanto, pelos males feitos, mereciam
castigo, anunciaram-se, Berlusconi, Merkel, Sarkozy, Sócrates, Hollande, Monti,
Passos, Portas, e Rajoy, que de turno, têm burilado dramas sucessivos, como aquele
no concelho de Viana do Castelo, em que
um pai de 42 anos, com um filho de 2 anos chegado ao peito, encurralado
socialmente, se atirou a um poço e colocou um fim abrupto à vida.
Mas
como a desgraça é universal, tomemos como exemplo, ainda, a desgraça búlgara,
que tomou as ruas em protesto contra o poder que em 2004, adquiriu as licenças
e os direitos exclusivos de distribuição de electricidade…Isto tem de
acabar…fogo nos monopólios e na máfia… gritaram os manifestantes, que pediram a
renacionalização das empresas de energia.
Resfriados
e entregues à miséria, os búlgaros começam a perceber o que perderam com a
abrupta mudança. Para além de não contarem, carregam ainda o drama inorgânico,
que é o lado canalha do sistema, porque apesar de muita “passeata”, cansam-se
por pouco, enquanto a pequena elite resfolga com o poder e os meios de
produção. Compreendemos assim porque as grandes manifestações de 2 de
Março em Portugal, colocaram em sobressalto o percevejo capitalista, que o
derrube do socialismo ajudou a inchar. Logo foram colocados no ar mensageiros,
na tentativa de colar as manifestações às forças orgânicas do mal. De todo o
modo, a elite sabe que enquanto o pau vai e vem, folgam as costas.
Os
povos latino-americanos precisaram de mais de 200 anos para perceber o que
fazer. Do mesmo passo, serão os nossos quintanetos a fazer o que hoje não
queremos. Por isso, quando partir, não esqueça, leve o telemóvel para mais
tarde se certificar.
2 comentários:
Bulgaros? É a liberdade estúpido, é a liberdade!
Eu acho fantastico a ligeireza com que a maioria das pessoas parte logo para o insulto, independentemente de concordarem ou não com determinada ideia, ou artigo de opinião neste caso. Há que discutir ideias e perder esse péssimo hábito de discutir pessoas. Mas se pelo menos tivessem a verticalidade de assumirem isso, até podia aceitar, agora de forma ANONIMA???????
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