quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O cavalo-de-frisa foi removido em Rio Maior

Augusto Alberto

Rio Maior foi uma espécie de cavalo-de-frisa, que separou o norte, tramontano, apadralhado e beato, do país a sul. No norte, os fiéis antes de votar perguntavam ao senhor padre, em quem? Ora em quem, dizia o sacristão. No partido do senhor padre, façam favor! Em Rio Maior, à custa da gasolina e da moca, a sede do Partido Comunista Português, a 13 de Julho de 1975, foi, entre outras, vandalizada. E dias após a canalhada, o PCP convocou para reparação, um comício com a presença do secretário-geral, Álvaro Cunhal. Foi o bom e o bonito. No final, do norte vieram comunistas, porque sempre os houve, e do sul também, para desimpedir a saída.
Em Rio Maior, pese as grandes vitórias autárquicas da CDU em Évora, Beja, Loures, Silves, (ganha ao PPD/PSD), e a eleição de um conjunto de vereadores em terras particularmente difíceis, a CDU obteve o melhor resultado autárquico, porque o cavalo de frisa foi removido. A CDU elegeu pela primeira vez um vereador, à custa de quintuplicar os seus votos. De 299 votos, com uma percentagem de 2.48%, no ano de 2009, para um total de 1616 votos, em 2013, equivalente a uma percentagem de 15.23%, contra uma perca de 2.707 do Partido Socialista, a que corresponde um percentual de 19.62%. Quatro pontinhos de diferença, é coisa pouca.
Entretanto, perderam também, mais de 800 votos, o PPD/CDS. É obra! E é chegado o momento de perguntar, porquê? Uma única explicação não existe, evidentemente. Porventura, à cidade chegou gente que ajudou a alterar o perfil sociopolítico. De todo o modo, estou em crer que a grande responsabilidade desta alteração quantitativa e qualitativa, está na perda do medo.
As patranhas do “pai” da democracia, dos seus descendentes e dos neo-fascistas de plantão, tem cada vez mais dificuldade em fazer o sórdido caminho do anti-comunismo. Essa coisa de uma ditadura comunista, numa das jóias da Europa e da NATO, não faz sentido. Sentido, isso sim, faz, em dizer que é sobre o manto diáfano de uma ditadura de direita, sempre muito dura com os fracos, como o caso dos viúvos, viúvas e órfãos, chamados também a engordar a hidra. Quero dizer, o Clero e a Nobreza. Ou melhor, a  banca. Ou com os que para não morrerem à fome, na estratégia de substituição de mão-de-obra barata, por outra ainda mais barata, se sujeitam a ganhar 310 euros.

Contudo, muitos fracos teimam em não perceber, que é jogando o jogo predilecto da direita, o dos votos, que se a derrotará. Contudo, apesar do cavalo-de-frisa, em Rio Maior ter sido removido, a crueldade social e política, continua, com todo o esplendor.       

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