Augusto Alberto
Rio Maior foi uma espécie de cavalo-de-frisa, que separou o
norte, tramontano, apadralhado e beato, do país a sul. No norte, os fiéis antes
de votar perguntavam ao senhor padre, em quem? Ora em quem, dizia o sacristão.
No partido do senhor padre, façam favor! Em Rio Maior , à custa da
gasolina e da moca, a sede do Partido Comunista Português, a 13 de Julho de
1975, foi, entre outras, vandalizada. E dias após a canalhada, o PCP convocou
para reparação, um comício com a presença do secretário-geral, Álvaro Cunhal.
Foi o bom e o bonito. No final, do norte vieram comunistas, porque sempre os
houve, e do sul também, para desimpedir a saída.
Entretanto, perderam também, mais de 800 votos, o PPD/CDS. É
obra! E é chegado o momento de perguntar, porquê? Uma única explicação não
existe, evidentemente. Porventura, à cidade chegou gente que ajudou a alterar o
perfil sociopolítico. De todo o modo, estou em crer que a grande
responsabilidade desta alteração quantitativa e qualitativa, está na perda do
medo.
As patranhas do “pai” da democracia, dos seus descendentes e
dos neo-fascistas de plantão, tem cada vez mais dificuldade em fazer o sórdido
caminho do anti-comunismo. Essa coisa de uma ditadura comunista, numa das jóias
da Europa e da NATO, não faz sentido. Sentido, isso sim, faz, em dizer que é
sobre o manto diáfano de uma ditadura de direita, sempre muito dura com os
fracos, como o caso dos viúvos, viúvas e órfãos, chamados também a engordar a
hidra. Quero dizer, o Clero e a Nobreza. Ou melhor, a banca. Ou com os que para não morrerem à fome,
na estratégia de substituição de mão-de-obra barata, por outra ainda mais
barata, se sujeitam a ganhar 310 euros.
Contudo, muitos fracos teimam em não perceber, que é jogando
o jogo predilecto da direita, o dos votos, que se a derrotará. Contudo, apesar
do cavalo-de-frisa, em Rio Maior ter sido removido, a crueldade social e
política, continua, com todo o esplendor.
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