por Augusto Alberto
Está mau tempo por todo o País e nesta tarde apetece-me reflectir sobre pequenas coisas do quotidiano da semana. E a primeira é sobre a possibilidade de um cão de água Português ser o cão eleito para a Casa Branca. Magistral! Ocorre-me o comentário de que estamos em boa verdade perante um presidente americano um pouco mais culto do que muitos dos seus concidadãos, que por regra bolça verdadeiras e vastas baboseiras. Este, enfim, sabe que existe um país nesta costa ocidental, bem mais velho do que o seu e de história, ao que se diz, também imperial, que se chama Portugal. Americanos, não raro, referem-se a esta pátria como não conhecendo ou como uma província de Espanha. Ainda não é razão suficiente para eu apreciar o homem, eu sei, mas com outras tantas como esta, sou capaz de me entusiasmar e quem sabe se não mudo a visão das coisas. Por oposição, e confirmando a tal sábia ignorância de muitos americanos, ocorre – me reflectir também que o anterior presidente do império deverá enfileirar no número dos distintos analfabetos, porque para além de se ter esquecido dessa figura que completou um bando a 4, Durão Barroso, foi o único que não levou “chapa”, pelos actos bondosos a favor das terrificas guerras, ainda por cima se lhe referiu, como “Borroso”, se lhe somasse outra gafe, ainda dirá, para mim, com todo o propósito, “ranhoso”, e me parece tão só que os Açores lhe pareceu uma sua quinta, ou sei lá, mais um estado do Império. Que digo eu.
Mas como em bom pano pode sempre cair uma mancha em dissonância, porque alguns defeitos esta pátria haverá de ter, no meio de tantas santas virtudes, meninos por aí, fizeram gazeta às aulas porque o frio lhes entorpecia os ossos. Apetece-me dizer que cá para mim, o Ministério, avaliado, chumbava já sem discussão e sem grande perda de tempo com reuniões e outros tantos trabalhos burocráticos, mesmo contra a vontade daquele grupelho, que no beija-mão, se reuniu em conclave no Largo do Rato. Era canja…
Mas não se julgue que estas coisas são novas, ressalvando a admirável história do cão de água, que um dia poderá ser presidencial cão, não me recordo de outra semelhante, então eu quero aqui socorrer-me de palavras sábias de um distinto português, este Obama não conhece de certeza, Eça de Queirós. O que disse, então? Passo a citar, das suas crónicas de uma campanha alegre, escrita a meias com outro Português insigne, Ramalho Ortigão, para as “farpas”.
…a escola por si oferece igual desorganização… são na maior parte uma variante torpe entre o celeiro e o curral… nada torna o estudo tão penoso como a fealdade da aula. (Março 1872)
- O País está atrasado, embrutecido, remendado, sujo, insípido. (1871)
- Mas esse Povo não se revolta? – O Povo às vezes tem-se revoltado por conta alheia. Por conta própria, nunca. (1871)
- Um país geralmente corrompido, em que aqueles mesmo que sofrem não se indignam por sofrer. (Janeiro 1872)
Estas palavras têm 140 anos e ao que parece o sentido das coisas não muda e então pior fico, confirmando Eça, quando numa ronda pela imprensa diária me deparo com notícias das sabujices na pátria que nos pariu e que infelizmente nos deu esta gente carregada de imundice. De tão mascarrado, resolvo continuar em rede, na tentativa de me sossegar e aliviar e vou direito ao sítio do jornal “granma”, o jornal da Ilha, e deparo-me, enfim, com notícias decentes em país do terceiro mundo, que falam do reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde dos notáveis avanços na área das tecnologias e dos cuidados sanitários na Ilha. Reconhecimento feito, aliás, pela Presidente da Argentina, Cristina Krichner, na sua visita a Cuba e ao seu instituto Finlay de biotecnologia.
E eu a julgar que no terceiro mundo só existem más noticias e que para ter boas, só no primeiro. Enganei-me. Ora porra!
Está mau tempo por todo o País e nesta tarde apetece-me reflectir sobre pequenas coisas do quotidiano da semana. E a primeira é sobre a possibilidade de um cão de água Português ser o cão eleito para a Casa Branca. Magistral! Ocorre-me o comentário de que estamos em boa verdade perante um presidente americano um pouco mais culto do que muitos dos seus concidadãos, que por regra bolça verdadeiras e vastas baboseiras. Este, enfim, sabe que existe um país nesta costa ocidental, bem mais velho do que o seu e de história, ao que se diz, também imperial, que se chama Portugal. Americanos, não raro, referem-se a esta pátria como não conhecendo ou como uma província de Espanha. Ainda não é razão suficiente para eu apreciar o homem, eu sei, mas com outras tantas como esta, sou capaz de me entusiasmar e quem sabe se não mudo a visão das coisas. Por oposição, e confirmando a tal sábia ignorância de muitos americanos, ocorre – me reflectir também que o anterior presidente do império deverá enfileirar no número dos distintos analfabetos, porque para além de se ter esquecido dessa figura que completou um bando a 4, Durão Barroso, foi o único que não levou “chapa”, pelos actos bondosos a favor das terrificas guerras, ainda por cima se lhe referiu, como “Borroso”, se lhe somasse outra gafe, ainda dirá, para mim, com todo o propósito, “ranhoso”, e me parece tão só que os Açores lhe pareceu uma sua quinta, ou sei lá, mais um estado do Império. Que digo eu.
Mas como em bom pano pode sempre cair uma mancha em dissonância, porque alguns defeitos esta pátria haverá de ter, no meio de tantas santas virtudes, meninos por aí, fizeram gazeta às aulas porque o frio lhes entorpecia os ossos. Apetece-me dizer que cá para mim, o Ministério, avaliado, chumbava já sem discussão e sem grande perda de tempo com reuniões e outros tantos trabalhos burocráticos, mesmo contra a vontade daquele grupelho, que no beija-mão, se reuniu em conclave no Largo do Rato. Era canja…
Mas não se julgue que estas coisas são novas, ressalvando a admirável história do cão de água, que um dia poderá ser presidencial cão, não me recordo de outra semelhante, então eu quero aqui socorrer-me de palavras sábias de um distinto português, este Obama não conhece de certeza, Eça de Queirós. O que disse, então? Passo a citar, das suas crónicas de uma campanha alegre, escrita a meias com outro Português insigne, Ramalho Ortigão, para as “farpas”.
…a escola por si oferece igual desorganização… são na maior parte uma variante torpe entre o celeiro e o curral… nada torna o estudo tão penoso como a fealdade da aula. (Março 1872)
- O País está atrasado, embrutecido, remendado, sujo, insípido. (1871)
- Mas esse Povo não se revolta? – O Povo às vezes tem-se revoltado por conta alheia. Por conta própria, nunca. (1871)
- Um país geralmente corrompido, em que aqueles mesmo que sofrem não se indignam por sofrer. (Janeiro 1872)
Estas palavras têm 140 anos e ao que parece o sentido das coisas não muda e então pior fico, confirmando Eça, quando numa ronda pela imprensa diária me deparo com notícias das sabujices na pátria que nos pariu e que infelizmente nos deu esta gente carregada de imundice. De tão mascarrado, resolvo continuar em rede, na tentativa de me sossegar e aliviar e vou direito ao sítio do jornal “granma”, o jornal da Ilha, e deparo-me, enfim, com notícias decentes em país do terceiro mundo, que falam do reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde dos notáveis avanços na área das tecnologias e dos cuidados sanitários na Ilha. Reconhecimento feito, aliás, pela Presidente da Argentina, Cristina Krichner, na sua visita a Cuba e ao seu instituto Finlay de biotecnologia.
E eu a julgar que no terceiro mundo só existem más noticias e que para ter boas, só no primeiro. Enganei-me. Ora porra!
5 comentários:
Pois é, o Eça anda por aí... a topar a choldra.
Um abraço.
Excelente!
BJ
Não consegui comentar em POETAS DE ANGOLA, venho aqui trazer-te o poeta Mário António:
http://betogomes.sites.uol.com.br/MarioAntonio.htm
Ana
E aqui tens uma coisa mais elaborada sobre Literatuta de Angola:
http://cvc.instituto-camoes.pt/bdc/revistas/revistaicalp/formlitang.pdf
Beijinho
Eu também gostava de ter boas notícias, mas não...
Muitos cumprimentos.
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