sábado, 26 de setembro de 2009

Lamber as feridas

Augusto Alberto


Há uns dias passei pelo Hospital Rovisco Pais, no contexto das minhas tarefas no âmbito do desporto para deficientes, mais concretamente, na minha relação com o remo paraolímpico. Tratou-se de estar presente numa cerimónia que selou um longo protocolo para as diversas áreas desse desporto.
Estava, como era de calcular, muita gente num calmo mar quando de repente dei, quase à minha frente, com uma figura que esteve durante alguns anos no centro da vida figueirense e que há muito não via. Falo do Drº. Carlos Beja, antigo deputado da nação e ilustre candidato do Partido Socialista a presidente da autarquia, no ano da vitória do Drº. Santana Lopes, mediático Presidente. Aliás, nessa sua passagem como deputado da nação, fica-lhe uma desfeita, que de certeza nunca mais esquecerá. No centro das dificuldades que os trabalhadores da EMEF/CP da Figueira da Foz estavam a sentir, o Sr. Deputado recebeu os seus representantes e ficou célebre a resposta que lhes deu, depois de os ter informado que não acolhia as suas preocupações. Suceda o que suceder e fizessem os trabalhadores o que fizessem, ele, deputado Carlos Beja e o seu P. Socialista, ganhariam sempre as eleições na Figueira da Foz, disse. Acontece que ao Sr. deputado à época, os cães saíram-lhe ao caminho, cagaram na estrada e como é bom de ver, o Sr. deputado acabou a lambuzar os sapatos, como se sabe. Evidentemente fiquei surpreendido, porque não sei como calha o Drº. Carlos Beja com o movimento que ali se celebrou. Pode ser só ignorância minha. Mas logo um tempinho adiante, comecei a perceber. Chegou também o senhor Juiz Ataíde, candidato à presidência da Câmara da Figueira da Foz, pelo partido socialista, que por isso mesmo, vai sendo conhecido pelo Sr. Juiz de fora. Começava a bater certo, embora também ao senhor juiz de fora, não se conheça relação com o que se estava ali a celebrar. Pode ser só, de novo, ignorância minha. E ser for, penitencio-me.
Evidentemente que as apresentações foram correctas e estiveram ao nível. A campanha seguiu ali com recato e gosto. Embora tenha uma dúvida, porque não sei se o Sr. juiz de fora, vai cair para dentro, ou se vai cair para fora, o que sei é que os tempos passados recentes, nesta minha terra, foram tempos de faca e alguidar. Amores e desamores, traições, rasgões e muitas atrapalhações. Houve de tudo, como é público, mas mantenhamo-nos calmos. Certo que é dito que as principais figuras giram segundo os interesses de verdadeiros pares. Evidentemente, não tenho a certeza. Talvez sim. Contudo, não creio que os amores e desamores condicionem as intenções. Tudo com o tempo se cura e logo o agiornamiento se fará, porque no fundo, bem no fundo, há sempre quem cultive a esperança de que no tempo sempre será melhor chupar um osso, nem que pequeno seja, do que ficar a lamber as próprias feridas.

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