Dentro do possível tenho seguido os acontecimentos na Grécia. Estou, contudo, crente que nem toda a verdade nos chega, nem se calhar aos próprios gregos. Neste particular, sigo com atenção as informações que o enviado da RTP, Paulo Dentinho, nos tem enviado, apesar de dar de barato algumas imprecisões por análise enviesada, ainda que piamente admita que não seja por mal. De qualquer modo, registo uma informação capital. Disse que a sociedade grega está dividida ao meio. Que o sector privado apoia as medidas e o sector público, nestes tempos duros e conturbados, é o sector que metodicamente tem descido à rua. A ser verdade, tenho eu, um ex e pobre funcionário público, de concluir o seguinte: este modelo social, com as suas milongas, conseguiu criar aquilo a que chamam, a classe média. Haverá por lá gente boa, certamente, mas que não chega para alterar a regra de ser uma classe perigosa do ponto de vista social e político, porque se habitou a viver das sobras e migalhas e por isso, parafaseando um belo ditado popular, dá a ideia de que nem truca truca, nem sai de cima.
Parece, então, ser a classe dos empatas, mas desenganemo-nos, porque sabem bem como desempatar e a favor de quem. Em segundo, porque a cartilha é a mesma, o sector público acaba sendo o cepo das marradas. Acusado de todos os males e de modo insubstituível, atirado contra o resto da população, numa divisão a merecer das estratégias do poder, cordeiro com os fortes e sempre corajoso a bater nos fracos. Mas há ainda uma outra conclusão, ainda que menos admirável de certeza, mas que deixa grande azia em muita cara linda. Como seria interessante ter os comunistas na mão e espremê-los, mas desta feita, não são de lhes atribuir especiais responsabilidades por estas coisas, porque sem poder na informação, no executivo, no financeiro, no judicial, e no legislativo com intervenção tão esparsa, são afinal tão vitimas destes desmandos como qualquer normal cidadão à rasca com a conta da casa, ou sem dinheiro para o pão e os livros dos filhos, e com o depósito do carro quase seco e a arrastar-se pelas más estradas gregas.
Mas também vi que pela Grécia chegou a hora dos sindicalistas amarelos sentirem na pele a ira dos desesperados e deserdados. Porque a paciência se esgotou ficaram a saber que algumas habilidades correm riscos e tem espinhos.
Mas acontece que sobre a Grécia, as noticias não param e correm céleres de angústia. E por isso, pareceu-me ver o seu primeiro-ministro com a corda e o laço ao pescoço logo que desceu do avião e pisou terra alemã, numa viagem de submissão e vassalagem, ainda que antes o seu vice tivesse dado roda de gatunos aos alemães, quando disse que está na hora dos alemães devolverem o ouro roubado dos bancos gregos no período da segunda guerra, e ainda não devolvido. Com amigos destes e apesar de serem filhos desta comunidade europeia, que se cuidem os gregos, porque até uma qualquer ilha, ainda que deserta, poderá mudar de mãos, porque os apetites da choldra são inconfessáveis.
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