sexta-feira, 1 de abril de 2011

Carta de Inglaterra

Augusto Alberto
David Cameron, levemente perturbado, perguntou a si mesmo, o que fazer? De tanto matutar, achou a resposta. Após uma ligeira palmada na testa, viu para lá do momento e exclamou:.” É o petróleo, bruto. É o petróleo!” E então decidiu avançar. Mandou a aviação, porque pelo ar os efeitos sobre as suas forças armadas são aparentemente nulos, não fossem os britânicos apeados regressarem envoltos na mortalha e os reais súbditos perguntarem porquê. Cameron esquece o que lhe fez de ignominia o seu antecessor trabalhista, Gordon Brown, e só por isso, merece tratamento ignominioso, mas sabe-lhe bem uma batalha, que não seja apeada com certeza, contra os infiéis, que creio, lhe recusam o petróleo fácil e dócil.

Desse modo, se bem pensou, bem mandou executar nova cruzada contra renitentes mouros e castanhos. Queira Maomé que a coisa não descambe, sob pena da rua lhe sair às canelas. Mas se há uma nova cruzada, que outras houveram? Como sou ao mesmo tempo velho e novo, vou socorrer-me de um português culto, cosmopolita, informado e certeiro: Eça de Queiroz, que escreveu nas crónicas de Inglaterra, o que se segue: …quando Arabi quis modificar este systema, que convertia o povo egypcio numa horda de servos trabalhando para os financeiros de Pariz e Londres – as esquadras de França e Inglaterra appareceram logo, pedindo o desterro de Arabi, e o licenciamento do exército…Sir Beauchamp Seymour mandou este ultimatum: - dentro de vinte e quatro horas os fortes deveriam ser entregues às tropas inglezas ou toda a linha de couraçados abriria fogo sobre Alexandria. Beauchamp Seymour bombardeou, arrasou, repelliu virtualmente dÁlexandria… – e, depois ficou a bordo do seu couraçado, vendo tranquilamente arder, deante de si, uma das mais ricas cidades do Mediterrâneo…por outro lado, a quem aproveitava o incêndio? À Inglaterra. O pretexto de que os fortes punham em perigo os couraçados britannicos, só autorizava perante os escrúpulos da Europa, a destruir os fortes, não a ocupar a cidade. Agora, porém, que ella estava em chamas, abandonada á anarchia, á pilhagem…-agora ella tinha o direito – mais, ella tinha o dever! - de desembarcar e ir salvar de uma total aniquilação tanta riqueza, tão esplêndido centro de commercio…Generosa Inglaterra!
Cá está como a velha Grã Bretanha tem parido ao longo da história, do mesmo passo, politicas repugnantes e gente ignominiosa. Sir Seymour, o Almirante da poderosa armada real, naturalmente não iria imaginar, que a pátria de sua majestade viesse a produzir mais gente, mais de cem anos adiante, como estes Tony Blair ou Cameron, pessoas tão miseráveis e detestáveis como ele, mas a verdade ai está. Mais a verdade de que a Organização das Nações Unidas tem sido ao longo destes miseráveis anos, de triste fado, uma peça às mãos de todos os que nunca deixaram de ver o mundo segundo o modelo colonial, e dos seus reais interesses, como tão bem vem dizendo o prémio “Nobel da paz”, que parece que a única coisa que consegue fazer é a guerra, e a sua ministra dos estrangeiros, aquela detestável senhora, que nunca escolheu para parceiros outras personalidades que não fossem miseráveis e cruéis senhores. Miserável democracia, que varre para debaixo do tapete tamanhos amigos, como se todos fossemos parvos e não dessemos pela habilidade.

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