Se não foi, previna-se, porque estamos na sua antecâmara. Primeiro foram os doentes portadores de doenças raras. Agora a medida tornou-se extensiva a quem é portador de hepatite B crónica. A farmácia do Hospital dos Capuchos (Lisboa) está a exigir a estes doentes o pagamento do medicamento Tenofovir, um antivírico necessário para tratamento da infecção crónica pelo vírus da hepatite B (VHB). Este medicamento custa a cada doente 362,52 euros por mês, de acordo com o comprovativo passado pelos serviços farmacêuticos/sector ambulatório daquele hospital.
Esta é a notícia de um jornal, que deixo sem mexer na sintaxe. E o que quer dizer? Que está a caminho a completa liquidação do Sistema Nacional de saúde, uma das grandes conquistas do 25 Abril. Trocando por miúdos, esta liquidação, muito acelerada, é a aplicação prática da célebre teoria do PPD/PSD, que diz: “quem quer saúde paga-a”. E ainda só estamos no desgoverno do Partido Socialista. Não sei se me entendem. Chegará a altura em que alguns ganharão muito dinheiro à custa da doença alheia, como é comum no mais destrambelhado capitalismo. Aliás, como a vadiagem financeira, que vai medrando à custa da ramela que escorre pelo corpo de milhões de portugueses. Foi para isso que a troika cá veio, apesar de eu e você não a chamarmos. Mas vou ser eu e você quem vai pagar a opção de classe que visa safar os bancos alemães e franceses e inchar a banca nacional. Esta durante muito tempo recebeu dinheiro emprestado do B.C.E. a 1% e emprestou ao estado português, a 8%, e que numa manobra de torção, recusou emprestar mais dinheiro. Teve a sagacidade de acelerar a entrada do cartel dos agiotas, para, dizem, criar um fundo de contingência para suportar os famosos testes de stress da banca nacional. Em piano baixo, quer dizer, realizar, sem stress, mais um roubo inteligente.
Enquanto esta seita enriquece, nos antípodas, o povo vai na rota da total liquidação. Nada disto é difuso. Por isso, não me venham dizer que a culpa é do 25 Abril, porque 25, mais Abril, são só datas no tempo e na memória que exigem defesa permanente. Aqui chegados, convêm então perguntar quem decide e autoriza este vazar das coisas? O povo português, que tem dado, infantilmente, o seu voto a quem a seguir rouba Abril. É assim que as coisas têm de ser vistas e ditas, por um cidadão politicamente engajado, que se sente liberto de ser politicamente correcto. O mal está na fobia da autoflagelação.
Por isso, só é totó ao cabo destes 37 anos, quem quer.
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