terça-feira, 27 de setembro de 2011

Os padres de Lisboa

Augusto Alberto

O senhor padre de Lisboa, disse aquilo que disseram há muitos anos os anteriores padres de Lisboa. O padre Salazar, o padre Cerejeira ou o padre António Ribeiro. Continua a haver uma massa pegajosa e atávica lá para os lados do patriarcado, que nos quer continuar a convencer de que a pátria não se discute, porque a função dos portugueses, não é dizer mal dos governos. Porque se a pátria se discutir, o Cardeal de Lisboa, deverá sugerir primeiro:  que se apurem responsabilidades quanto a quem atirou a pátria para este estado e que de seguida se julguem os responsáveis, para logo, em plena consciência, podermos ajudar na recuperação da nação.

Mas isso será pedir demais ao senhor cardeal, porque nesta coisa do linchamento dos portugueses está muita gente que se passeou de braço dado com os padres, os bispos e o próprio cardeal. Olhai os amigos do Cavaco e perguntemos se algum deixou de passar pelas pias de água benta. Aliás, nem sei para que é esta rábula, porque a igreja passa bem com os pobres, porque estando bem alinhados dentro do redil, são o seu sustento.
O senhor cardeal também generalizou e não foi pouco. Se estivesse sereno e na posse de todas as faculdades, deveria saber que muita gente que passou pela política não sai de mãos limpas, é um facto. Mas de todo o modo, não foi só na política, também na igreja de que o senhor cardeal é um dos mais ilustres representantes. Saibamos que gente muito católica saiu destroçada das más relações com o mundo da finança, e em conúbio com o que de pior se fez no campo da repressão sobre os povos, aqui e em muitas outras bandas. E em matéria de sujidade, o que nos conta, é só a tentativa de colocar toda a gente no mesmo saco, na vã tentativa de branquear quem conspurcou muitas vidas. Pode ser um bom exercício de escape, mas não apaga as responsabilidades e os dramas. Anda por ai muita gente paramentada e de mitra, que ainda hoje traz não só as notas coladas aos dedos e as mãos sujas, como também a braguilha, num soberbo pecado capital, que deverá terminar não nos desígnios do inferno, mas com as costas na cadeia, porque sendo coisas cá da terra, é na terra que o ajuste deverá de ser feito.
Senhor padre, pede-se-lhe que não capitule. Mas se não tiver coragem, então que se dedique as coisas da alma e deixe para os outros as coisas terrenas, que são coisas bem mais difíceis de sondar, resolver e mudar.

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